segunda-feira, 19 de agosto de 2019

La Salette recebe o reconhecimento oficial da Igreja

Casa onde os videntes ditaram o primeiro relato em 20-09-1846.
Casa onde os videntes ditaram o primeiro relato em 20-09-1846.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








continuação do post anterior: Contra La Salette o furor dos inimigos da religião foi inútil



O bispo de Grenoble, Mons. de Bruillard, abriu um inquérito canônico sob a responsabilidade de uma comissão de 16 sacerdotes experientes da diocese.


A comissão interrogou videntes e vizinhos, clérigos e civis, autoridades e simples particulares. Pesquisou aspectos que poderiam desmerecer o evento sobrenatural.

Ouviu com atenção opiniões favoráveis e contrárias. Realizou sessões de debate, inclusive na presença do bispo. Por fim, todas as eventuais dúvidas, objeções ou discrepâncias das interpretações foram resolvidas.



Relato assinado por Maximino
Relato assinado por Maximino
A comissão pronunciou-se pela autenticidade da aparição.

Porém o Cardeal Luís de Bonald, arcebispo de Lyon e metropolitano do bispo de Grenoble, e também um dos chefes dos católicos liberais, se opôs ativamente a essa conclusão aprobatória, abusando inclusive dos seus poderes.

O diocesano ordenou então que os videntes, separadamente, redigissem de novo e com esmero os fatos e as palavras de Nossa Senhora, incluído o segredo.

Esse só seria lido pelo Papa felizmente reinante, o Bem-aventurado Pio IX. (na foto ao lado, o relato de Maximino).



O Papa Pio IX se emociona com a mensagem de La Salette


Beato Pio IX
O bispo de Grenoble, diocese onde fica La Salette, Mons. Philibert de Bruillard, lacrou os manuscritos com os relatos dos dois videntes.

Quando Mélanie entregou o seu segredo ao prelado, este retirou-se imediatamente a seu quarto para lê-lo.

“Ele voltou vermelho, em lágrimas, emocionado e o entregou para ser lacrado, sem dizer nada”, narraram testemunhas oculares.

O segredo foi levado ao Vaticano por uma comissão presidida pelo vigário geral honorário da diocese, cônego Pierre-Joseph Rousselot, e pelo cônego Gerin. Eles entregaram pessoalmente os documentos a Pio IX (quadro ao lado).

No Vaticano o Santo Padre discerniu a transcendência da mensagem. Abriu os lacres na presença dos portadores da correspondência.

Começou a ler, e disse: “Aqui há a candura e a simplicidade de uma criança”. Pôs-se de pé e se aproximou da janela, para ler com mais luz e atenção.

Seus lábios se contraíram, suas maçãs do rosto se incharam, visivelmente emocionado.
Terminada a leitura, o Papa disse aos presentes:

“Trata-se de flagelos dos quais a França está ameaçada. Mas ela não é a única culpada.

“A Alemanha, a Itália, a Europa toda também o são e merecem os castigos.

“Tenho menos a temer de Proudhon [teórico socialista] que da indiferença religiosa e do respeito humano.

“Vossos soldados se ajoelham quando me vêem, mas só após olhar à direita e à esquerda, para terem certeza de que não estão sendo vistos por alguém”.

Com o firme tom de voz que lhe era próprio, enquanto levava a mão ao peito, o Bem-aventurado Papa acrescentou:

“Não é sem razão que a Igreja é chamada militante, e que vós vedes aqui o seu Capitão”.

O Beato Pio IX (foto ao lado) encaminhou os documentos a Mons. Frattini, promotor da Fé, anexando a eles a opinião de que “estavam bem, que ele estava contente, e que eles exalavam a verdade” . Mons. Frattini pronunciou-se em favor da aparição.

O Cardeal Lambruschini, prefeito da Sagrada Congregação dos Ritos, julgou que os documentos “não deixavam nada a desejar” e aprovou o “edificante e inteiramente louvável rigor” com que agiu Mons. Bruillard.

Os cônegos Rousselot e Gerin foram prevenidos no Vaticano a respeito das manobras anti-La Salette dos católicos liberais, notadamente do Cardeal de Bonald.

Voltaram a Grenoble, satisfeitos por terem cumprido a missão e poderem levar a preciosa aprovação do Papa.


Documento oficial do bispo: a aparição é indubitável e certa


Mons. de Bruillard, bispo de Grenoble,
em Mandamento oficial: a aparição de La Salette
“traz todas as características da verdade
para crer nela como indubitável e certa”
Fortalecido pela acolhida favorável do Sumo Pontífice e da Cúria Romana, o bispo de Grenoble reconheceu oficialmente a apariçãode La Salette e fez publicamente seu elogio ao clero e aos fiéis.

Por isso La Salette é uma das raras aparições reconhecidas canonicamente pela Igreja.

No documento, chamado Mandamento, de proclamação da autenticidade da aparição, Mons. Bruillard, após fazer o histórico dos fatos e das indagações canônicas, diz:

“Art. 1: Nós julgamos que a aparição da Santa Virgem aos dois pastores, em 19 de setembro de 1846, sobre uma montanha da cadeia dos Alpes, situada na paróquia de La Salette do arciprestado de Corps, traz consigo todas as características da verdade, e que os fiéis têm fundamento para crer nela como indubitável e certa.

“Art. 2: Nós acreditamos que este fato adquire um novo grau de certeza em virtude do concurso imenso e espontâneo dos fiéis ao lugar da aparição, como também pela multidão de prodígios que têm dado continuidade ao dito acontecimento, prodígios dos quais é impossível pôr em dúvida um muito grande número sem violar as regras do testemunho humano.

“Art. 3: É por isso que, para testemunhar a Deus e à gloriosa Virgem Maria nosso vivo reconhecimento, nós autorizamos o culto de Nossa Senhora de La Salette. Nós permitimos pregá-lo e tirar dele as conseqüências práticas e morais que emanam desse grande acontecimento. (...)

“Art. 5: Nós proibimos expressamente aos fiéis e aos sacerdotes de nossa diocese sair a público, de viva voz ou por escrito, contra o fato que nós proclamamos hoje, e que desde agora exige o respeito de todos. (...)

“Nós vos conjuramos, meus bem-amados irmãos: tornai-vos dóceis à voz de Maria que vos chama à penitência, e que, da parte de seu Filho, vos ameaça com males espirituais e temporais se permanecerdes insensíveis às suas advertências maternais, e se endurecerdes vossos corações”.

Carta Pastoral exorta clero e fiéis a seguir La Salette

Em 1º de maio de 1852 o mesmo prelado publicou Carta Pastoral que retomava os temas essenciais da mensagem de La Salette:

“Não é em vão – escreveu – que a Mãe de Misericórdia dignou-se visitar os filhos dos homens.

Santuário de La Salette
Santuário de La Salette
“Não é em vão que diante das desordens que excitam a cólera de seu Filho, Ela veio de alguma maneira se refugiar nas nossas montanhas, derramar lágrimas, advertir-nos dos castigos que nos estão reservados se não nos convertermos, relembrar-nos do temor de Deus, do respeito pelo seu Santo Nome, da santificação do domingo, da observância de todos os Mandamentos de Deus e de sua Igreja.

“Palavras descidas do alto devem ter um imenso eco e ser ouvidas por todas as nações (...)

“Lembrai-vos da época em que Maria apareceu sobre a montanha de La Salette. Esta aparição, em 19 de setembro de 1846, não foi como o prefácio dos maiores acontecimentos? Vede as agitações populares, os tronos derrubados, a Europa abalada, a sociedade no despenhadeiro de sua ruína.

“Quem nos preservou, quem há de nos preservar ainda de maiores desgraças, senão Aquela que, vindo do alto, desceu em nossas montanhas para aqui fincar de alguma maneira um sinal de reunião e de salvação, um faro luminoso, uma serpente de bronze em relação à qual as almas piedosas têm elevado os olhos para afastar a ira celeste e nos curar de feridas incuráveis?”

Na mesma Carta Pastoral, Mons. de Bruillard ordenava a construção do Santuário que hoje se ergue no local.

continua no próximo post: Segredo de La Salette desaparece e é redescoberto inesperadamente


Um comentário:

  1. Tenho um amor todo especial por Nossa Senhora de La Salette... não apenas por todo o significado de sua aparição, revelações, etc.... mas principalmente porque eu tenho a honra indescritível de ter nascido em 19 de Setembro... isso me faz sentir uma ligação indescritível com Sua devoção.

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