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“A Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso de sua vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”
Com essas imorredouras palavras, o Santo Padre Pio XII definiu o dogma da Assunção da Santíssima Virgem ao Céu em corpo e alma, solenemente proclamado no dia 1º de novembro de 1950, pela Constituição dogmática “Munificentissimus Deus”.
A solene proclamação desse augusto dogma veio coroar séculos de devoção a Nossa Senhora enquanto tendo sido levada aos Céus em corpo ressurrecto e alma.
Na difusão desta verdade e desta devoção a Idade Média deu um contributo fundamental.
Assumpta est Maria, col. De Ricci, MS 090, f. 1.
A fé na Assunção vem dos tempos apostólicos.
As primeiras referências escritas se encontram na liturgia oriental que no século IV já comemorava a subida ao Céu de Nossa Senhora na festa da “Lembrança de Maria”.
A festa passou a ser denominada “Dormição de Maria” no século VI e o imperador bizantino Maurício fixou a data de 15 de agosto, apenas confirmando um costume preexistente.
Diversos Padres e Doutores da Igreja forneceram a justificação teológica.
Mas, a doutrina da Assunção de Nossa Senhora foi verdadeiramente aprofundada nos tempos medievais.
No século XII o tratado Ad Interrogata, atribuído incorretamente a Santo Agostinho defendeu a assunção corporal da Mãe de Deus.
Santo Tomás de Aquino e outros grandes teólogos medievais declararam-se decisivamente em favor desta verdade.
Coroando estas aspirações, no século XVI, o Papa São Pio V reformou o Breviário e incluiu orações que defendiam essa verdade largamente espalhada nos séculos medievais precedentes.
Ouça: Maria subiu ao Céus (Assumpta est Maria in Coelo. Vésperas. Gregoriano)
In festo Assumptionis B M Virginis,
Columbia University, UTS MS 15.
Não espanta pois que quando o Papa Pio XII consultou o episcopado do mundo em 1946 na carta Deiparae Virginis Mariae, a resposta quase unânime é que deveria ser proclamada dogma.
“O dogma da Assunção de Nossa Senhora foi ardentemente desejado pelas almas católicas do mundo inteiro, porque é mais uma das afirmações a respeito da Mãe de Deus que A coloca completamente fora de paralelo com qualquer outra mera criatura e justifica o culto de hiperdulia que a Igreja lhe tributa.
“Nossa Senhora teve uma morte suavíssima, tão suave que é qualificada pelos autores, com uma propriedade de linguagem muito bonita, a “Dormição da Bem-Aventurada Virgem Maria” (Dormitio Beatae Mariae Virgine), indicando que Ela teve uma morte tão suave, tão próxima da ressurreição que, apesar de constituir verdadeira morte, entretanto é mais parecida a um simples sono.
“Nossa Senhora, depois da morte, ressuscitou como Nosso Senhor Jesus Cristo, foi chamada à vida por Deus e subiu aos Céus na presença de todos os Apóstolos ali reunidos, e de muitos fiéis.
“Essa Assunção representa para a Virgem Santíssima uma verdadeira glorificação aos olhos dos homens e de toda a humanidade até o fim do mundo, bem como proêmio da glorificação que Ela deveria receber no Céu.
Assunção de Nossa Senhora, iluminura s. XV.
Columbia University, UTS MS 049
“A Igreja triunfante inteira vai recebê-la, com todos os coros de anjos; Nosso Senhor Jesus Cristo a acolhe; São José assiste à cena; depois Ela é coroada pela Santíssima Trindade.
“É a glorificação de Nossa Senhora aos olhos de toda a Igreja triunfante e aos olhos de toda a Igreja militante.
“Com certeza, nesse dia, a Igreja padecente também recebeu uma efusão de graças extraordinárias.
“E não é temerário pensar que quase todas as almas que estavam no Purgatório foram então libertadas por Nossa Senhora nesse dia, de maneira que ali houve igualmente uma alegria enorme. Assim podemos imaginar como foi a glória de nossa Rainha.
“Algo disso repetir-se-á, creio, quando for instaurado o Reino de Maria, quando virmos o mundo todo transformado e a glória de Nossa Senhora brilhar sobre a Terra”.
Vídeo: Festa da Assunção de Nossa Senhora, Cantillana, Espanha
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Com relativa frequência ouvimos perguntar por que Nossa Senhora tem tanta complacência com a França e fala tantas vezes para e sobre ela.
Ela apareceu na Rue du Bac, em Paris, capital da França, entre julho e novembro de 1830 como Nossa Senhora das Graças e deu a Medalha Milagrosa a Santa Catarina Labouré.
Também na França, nos Alpes mais perto da Itália, apareceu em La Salette para transmitir sua mensagem em 19 de setembro de 1846.
E ainda em 1858 Nossa Senhora apareceu 18 vezes em Lourdes, no sudoeste da França, ao pé dos Pirineus perto da fronteira da Espanha, para Santa Bernadette Soubirous. E ali abriu um torrente de graças e milagres que não cessa de crescer até nossos dias.
Em todas essas aparições destinadas ao mundo a França aparece como tendo um lugar central nas preocupações, afetos e previsões da Santíssima Virgem.
Não falaremos de muitas outras manifestações da Mãe de Deus em solo francês mas de menor repercussão,
Muitos argumentos autorizados já foram apresentados para explicar essa predileção pela nação conhecida a justo título como “filha primogênita da Igreja”.
E aqui temos mais um.
Uma carta do Papa São Pio X endereçada ao bispo de Orléans por ocasião da publicação do decreto dos milagres reconhecidos de Santa Joana d'Arc, no dia 13 de dezembro de 1908.
Ela nos fornece uma explicação e um ensinamento superabundante que dispensa comentários. Reproduzimos a parte principal a continuação:
A coragem, de fato, não tem sua razão de ser, se não enquanto tem por fundamento uma convicção.
A vontade é uma potência cega quando não é iluminada pela inteligência; não se pode caminhar com pé firme em meio às trevas.
Mas, se a geração atual tem todas as incertezas e dúvidas do homem que marcha a tentas, é sinal evidente que não se tem em conta de tesouro a palavra de Deus, que é a lanterna que guia os nossos passos, é a luz que ilumina nossos sendeiros, lucerna pedibus meis verbum tuum et lumen semitis meis.
A coragem virá quando a Fé estará viva no coração, quando se praticarão todos os preceitos que são impostos pela Fé, porque é impossível a Fé sem obras, como é impossível imaginar um sol que não da luz.
São Pio X
E de esta verdade são testemunhas os mártires que temos comemorado, porque não é de se crer que o martírio seja um ato de simples entusiasmo, no qual se entrega a cabeça ao machado para ir direto ao Paraíso; mas supõe o exercício longo e penoso de todas as virtudes, omnimoda et immaculata munditia.
E para falar de aquela que é melhor conhecida por Vós, a donzela de Orléans, de ela que, da mesma maneira que na sua humilde aldeia natal, entre as licenças das armas se conservou pura como um anjo, soberba como um leão em todas as provações da guerra, e caridosa em relação aos miseráveis e infelizes.
Simples como uma menina no sossego dos campos e no tumulto da guerra, ela estava sempre recolhida em Deus, e era todo amor pela Ssma Virgem e pela Ssma Eucaristia como um Querubim ‒ vós o tendes dito bem, Venerável Irmão.
Chamada pelo Senhor a defender sua pátria, respondeu à vocação com uma empresa que todos, e ela mesma, acreditavam impossível; mas isto que é impossível para os homens é sempre possível com a ajuda de Deus.
Não se exagerem portanto as dificuldades para praticar quanto a Fé nos impõe, para cumprir nossos deveres, para exercitar o apostolado frutífero do exemplo, que o Senhor espera de cada um de nós, unicuique mandavit de proximo suo.
As dificuldades provêm de quem as cria e as exagera, de quem confia em si próprio sem as ajudas do Céu, de quem cede vilmente atemorizado ante os escárnios e burlas do mundo.
Pelo que é necessário concluir que, nos nossos dias mais do que nunca, a força principal dos maus é a vileza e a debilidade dos bons, e toda a medula do reino de Satanás consiste na fraqueza dos cristãos.
‒ Oh! se me fosse permitido, como o fazia em espírito o profeta Zacarias, de perguntar ao Redentor divino: o quê são essas chagas no meio de tuas mãos? Quid sunt plagae istae in medio manuum tuarum?
A resposta não deixaria muita dúvida: estas me têm sido feitas na casa de aqueles que me amavam: His plagatus sum in medio eorum qui diligebant me: por meus amigos, que não têm feito nada para me defender e que em cada encontro se fizeram cúmplices dos meus adversários.
E de esta repreensão, feita aos cristãos indolentes e covardes de todos os países, não se podem eximir muitos cristãos da França, a qual, embora fora por meu predecessor, como vós, Venerável Irmão o tendes recordado, chamada a nobilíssima nação missionária, generosa, cavalheiresca.
São Luís rei, na batalha de Taillebourg, 21-07-1242.
Ferdinand-Victor-Eugène Delacroix 1798-1863, Galerie des Batailles, Versailles.
Eu acrescentaria à sua glória quanto escrevia ao rei São Luíz o Papa Gregório IX:
“O Deus ao qual obedecem as legiões celestes, tendo estabelecido aqui embaixo reinos diferentes de acordo com as diversidades de lugar e de climas, tem conferido a muitos governos missões especiais para o cumprimento dos seus desígnios.
“E como outrora preferiu a tribo de Judá de entre os outros filhos de Jacó, e a dotou de bênçãos especiais, assim elegeu a França, preferindo-a de entre todas as outras nações da terra, para a proteção da Fé católica e para a defesa da liberdade religiosa.
“Por isto, a França é o reino do próprio Deus, e os inimigos da França são os inimigos de Cristo.
“Por isto, Deus ama a França, porque ama a Igreja, que atravessa os séculos e recruta as legiões para a eternidade.
“Deus ama a França que nenhum esforço tem podido jamais separar inteiramente da causa de Deus.
“Deus ama a França, onde em nenhum tempo a Fé tem perdido seu vigor, onde os reis e soldados jamais hesitaram em enfrentar os perigos e em dar seu sangue pela conservação da Fé e da liberdade religiosa”.
Até aqui Gregório IX.
Portanto, vós, Venerável Irmão, no vosso retorno eis de dizer aos vossos connacionais que, se amam a França, devem amar a Deus, amar a Fé, amar a Igreja, a qual é mãe estremosíssima de todos, como de vossos pais.
Santa Joana d'Arc. Catedral de Reims, França.
Eis de dizer que tenham em conta de tesouro os testamentos de São Remígio, de Carlos Magno e de São Luiz, que se compendiam nas palavras tantas vezes repetidas por vossa heroína de Orléans: Viva Cristo, que é o rei dos Francos.
A França é grande entre as nações somente a este título, neste pacto Deus a protegerá tornando-a livre e gloriosa.
Sob esta condição poder-se-á lhe aplicar quanto nos livros Santos é dito de Israel: “que não se encontrou ninguém que insultasse este povo, a não ser quando se afastou de Deus”, et non fuit qui insultaret populo isti, nisiquando recessit a cultu Domini Dei sui.
Não é, pois um sonho o vosso, Venerável Irmão, mas uma realidade, nem em mim há somente a esperança, mas a certeza do piedoso triunfo.
Morria o Papa, em Valence, quando a França, desconhecida e esmagada a autoridade, proscrita a religião, abatidos os templos e os altares, exilados, perseguidos e dizimados os sacerdotes, tinha caído na mais detestável abominação.
Não passam dois anos da morte de quem deveria ser o ultimo Papa e a França ré de tantos delitos, encharcada ainda com o sangue de tantos inocentes, voltou piedosa os olhos em direção a quem, elegido prodigiosamente Papa, longe de Roma, em Roma foi entronizado, e a França implora com o perdão o exercício de aquele divino poder que, no Papa, tinha tantas vezes contestado: e a França foi salva.
É possível a Deus tudo o que parece impossível aos homens. E em esta certeza me confirma a proteção dos mártires que deram o sangue pela Fé, e a intercessão de Joana d'Arc, que, assim como vive no coração dos Franceses, assim repete continuamente no céu a oração:
“Grande Deus, salvai a França!”
(Fonte: PII X PONTIFICIS MAXIMI ACTA, Vol. IV, Romae, ex Typographia Polyglotta Vaticana, 1914, págs. 309-313).
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Uma sucessão de tempestades solares as mais poderosas vistas em mais de duas décadas atingiram a Terra nos meses de maio e junho resultando em espetaculares auroras polares, boreais e austrais, que ameaçaram o funcionamento de satélites e redes elétricas e digitais do planeta inteiro.
A Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA [NOAA] qualificou a tempestade geomagnética de extrema, a maior desde outubro 2003, quando várias semelhantes provocaram apagões na Suécia e danos na infraestrutura energética na África do Sul.
As auroras de excepcional beleza foram fotografadas em latitudes sul e norte onde normalmente não são visíveis, incluindo localidades mediterrâneas europeias, na Austrália e na Nova Zelândia.
As tempestades também geraram espetáculos de luz deslumbrantes em partes da América Latina, incluindo uma inusual aparição no México.
Aurora boreal sobre o Mont Saint-Michel na noite de 10 a 11 de maio 2024
No Chile, as auroras austrais foram muito fotografadas no céu a cidade de Punta Arenas, extremidade sul da Patagônia pintado de vermelho e magenta. Na Terra do Fogo, Argentina, foram tiradas fotos com tons semelhantes iluminando a cidade de Ushuaia.
Operadores de satélites, companhias aéreas e responsáveis pelas redes elétricas adotaram medidas de precaução contra eventuais perturbações derivadas de mudanças no campo magnético da Terra.
A maior tempestade solar desde que há registros foi o “evento de Carrington”, de 1859. Ele destruiu a rede telegráfica nos EUA, provocou descargas elétricas e foi visível até na América Central. Se fosse hoje paralisaria o planeta.
Também iluminou os céus noturnos de Portugal a passagem de um espetacular meteorito, asteroide segundo alguns,
Milhares de portugueses viram um meteorito ultra-brilhante no céu noturno de 18 a 19 de junho 2024
Estes magnos fenômenos atmosféricos levaram muitos a se perguntarem se não envolvem avisos da Providencia da efetivação dos castigos anunciados por Nossa Senhora em Fátima para uma humanidade que positivamente não emendou seus maus costumes.
De fato, Nossa Senhora avisou que uma enorme luz no céu anunciaria o início da II Guerra Mundial. Ela foi vista em 1938 nos céus da Europa.
Não há menção a que estes fenômenos tenham sido sequer mencionados posteriormente, porém a analogia dos fenômenos foi muito sugestiva.
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Santa Francisca Romana (1384-1440), de nobre e rica família, casou-se muito jovem, teve três filhos, fundou as “Oblatas de Maria” e em março de 1433 também fundou o mosteiro em Tor de' Specchi, perto do Campidoglio (Roma).
Quando seu marido morreu, em 1436, ela se mudou para esse mesmo mosteiro e se tornou a prioresa.
Ernest Hello, em sua obra “Physionomies de saints”, escreve o seguinte sobre a santa:
“A vida de Francisca reside nas visões. Suas visões mais singulares, mais estupendas, mais características, são as visões do inferno. Inúmeros suplícios, variados como os crimes, lhe foram mostrados no conjunto e nas minúcias”.
“Santa Francisca Romana viu o ouro e a prata derretidos, acumulados pelos demônios nas gargantas dos avarentos”.
Ela descreveu o inferno, onde reina uma ordem às avessas, quer dizer a desordem como o princípio constitutivo da anti-ordem de satanás:
O que é uma pessoa passar uma hora com ouro ou prata derretidos e quentes dentro da garganta, sem anestésicos, sem os mil cuidados dos nossos hospitais?
Então, imaginem o que é passar a eternidade com ouro e prata derretidos na garganta. Querer engolir e não poder, queimaduras horrorosas, sensações atrozes.
Tudo isto Santa Francisca Romana viu como martírio dos avarentos.
“Viu as hierarquias de demônios, suas funções, seus suplícios e os crimes a que eles presidem”.
“Viu Lúcifer, consagrado ao orgulho, chefe geral dos orgulhosos, rei de todos os demônios e de todos os condenados. Esse rei é muito mais desgraçado do que todos os seus súditos”.
Viu, portanto um quadro completo: a hierarquia existente, o que cada demônio faz, os suplícios que sofrem e os crimes a que presidem.
Visão do inferno de Santa Francisca Romana.
Mosteiro de Tor de'Specchi. Pintura de Antoniazzo Romano, 1468.
Normalmente, todo rei deve ser mais feliz do que seus súditos, mora num lugar de delícias, está num trono. Um demônio, não; é mais infeliz; o rei da desgraça tem que ser mais desgraçado e, por causa disso, é ordenado que Lúcifer seja mais infeliz de todos.
“O inferno é dividido em três partes: o inferno superior, o inferno médio e o inferno inferior. Lúcifer está no fundo do inferno inferior”.
“Sob Lúcifer, chefe universal, acham-se subordinados três chefes a ele e prepostos aos demais”.
É claro, é o rei das trevas e da desordem. Nas coisas que são de Deus, o rei está acima. Mas o rei da desgraça, do crime, da infâmia, está abaixo de todos.
Ele é uma espécie de “vigário geral” para cada um dos setores do crime...
“Asmodeu, que preside os pecados da carne, era um querubim”.
“Mamon, que preside aos pecados de avareza, era um trono”.
“Belzebu preside aos pecados da idolatria”.
Os senhores vejam as tristezas: um querubim que brilhava como um puro espírito, santo aos olhos de Deus e que se transforma no demônio do pecado da carne.
Todo crime ligado às práticas de magia, do espiritismo etc., é da alçada de Belzebu. Naturalmente, a heresia, as más doutrinas, os erros contra a fé etc., são da alçada de Belzebu.
Então, vemos os quatro pecados: impureza, orgulho, avareza e idolatria. Essas são as grandes avenidas da infâmia, do crime e do inferno.
“Belzebu é particular e especialmente o príncipe das trevas. É torturado pelas trevas e é por meio das trevas que tortura suas vítimas”.
Ele está uma cegueira profunda e irremediável, num embotamento do espírito total e trágico, em que nada adianta nada. Ele mesmo sente sua própria insuficiência mental e, com isto, atormenta também as vítimas dele que caíram no inferno.
Santa Francisca Romana: visão do inferno.
Mosteiro de Tor de'Specchi, Roma. Antoniazzo Romano, 1468, detalhe superior.
“Uma parte dos demônios fica no inferno; outra reside no ar e outra reside entre os homens, buscando a quem devorar”.
“Os que ficam no inferno dão as suas ordens e enviam seus deputados; os que residem no ar agem fisicamente sobre as perturbações atmosféricas e telúricas, lançam por toda parte influências más, empestam o ar física e moralmente”.
Há, portanto, três “habitats” de demônios.
A ideia do ar moralmente empestado é muito reveladora. Em certas grandes metrópoles, por exemplo, quando a gente avista ao longe São Paulo, vê-se uma espécie de névoa pairando sobre a cidade e que é a síntese de todas as poeiras, sujeiras e impurezas danosas para a respiração.
Os médicos legistas, nos necrotérios, vendo o pulmão do morto sabem se a pessoa morou em uma metrópole ou no interior do Estado. O pulmão de quem morou no interior é rosado e o de quem morou, por exemplo, em São Paulo é carregado desses ares poluídos.
Tem-se a impressão de qualquer coisa de maldito pairando no meio dessas influências físicas más. Isto é o resultado da ação de demônios dessa natureza.
“O seu escopo é principalmente debilitar a alma. Quando os demônios encarregados na terra veem uma alma debilitada pela influência dos demônios do ar, atacam-na no seu esmorecimento para vencê-la mais facilmente”.
“Atacam-na no momento em que ela desconfia da Providência”.
Por vezes passando por algum lugar percebe-se que ele é mais propício ao pecado. Não é absurdo admitir que aquele lugar seja infestado por algum demônio do ar, que o empesta, que cria ali condições inconvenientes para a prática da virtude.
Sete demônios lhe aparecem sob a forma de ovelhas elogiando suas virtudes,
mas ela zombou deles. Então se transformaram em lobos
que tentavam devorá-la (Mosteiro de Tor de Specchi, Roma)
Depois, um demônio da terra atua ali mesmo e na ação que ali desenvolve, atormenta, persegue a alma, já debilitada, para ela cair mais depressa.
Por isso é tão recomendável o “Livro da Confiança” (do Abbé Thomas de Saint Laurent). Porque quando se desconfia da Providência é a hora em que todas as tentações vêm. Enquanto a pessoa é confiante, a tentação pode vir, mas tem um âmbito restrito.
“Esta desconfiança de que os demônios do ar são especialmente inspiradores preparam a alma para a queda que os demônios da terra dela vão solicitar”.
Essa tentação pode vir assim: “Não adianta resistir... Você vai cair mesmo... Renda-se, entregue-se!...” Isto já é o demônio da terra que está preparando o campo para o pecado próximo.
“A partir do momento em que ela esteja enfraquecida pela desconfiança, inspira-lhe o orgulho, em que ela tanto mais facilmente cai, quanto mais débil se encontre”.
“Quando o orgulho lhe tenha aumentado a fraqueza, chegam os demônios da carne que lhe insuflam seu espírito; quando os demônios da carne a enfraqueceram ainda mais, chegam os demônios incumbidos dos crimes de dinheiro”.
“E quando este (demônio do dinheiro) tenha nela diminuído mais ainda os recursos da resistência, chegam os demônios da idolatria que completam ou rematam o que os outros começaram. E assim é uma crise espiritual completa”.
Quer dizer, a pessoa tentada fica amuada e irritada, com seu orgulho ferido: é o demônio que está inspirando o orgulho à pessoa.
Portanto, há um espírito do demônio da carne que toma conta da pessoa quando ela não se prepara e não se fecha à tentação. Depois vem, então, o amor à ganância.
Começa pela desconfiança em Deus, passa para a impureza, depois ao orgulho, chega até a avareza e acaba na idolatria. E é o esboroar completo da alma através de ondas sucessivas de demônios que lhe vão atacando.
O demônio fingiu ser Santo Onofre para dissuadi-la de fundar as Oblatas.
“Todos se combinam para o mal e aqui se tem a lei da queda: todo pecado no qual se apraz arrasta a outro pecado. Assim, a idolatria, a magia e o espiritismo aguardam no fundo do abismo aqueles que de precipício em precipício lhe escorregam nas cercanias.
“Todas as coisas da hierarquia celeste são parodiadas na hierarquia infernal. Nenhum demônio pode tentar uma alma sem licença de Lúcifer.
“Os demônios que estão no ar ou na terra não sofrem atualmente a pena de fogo, mas aturam outros suplícios terríveis e particularmente à vista do bem que fazem os santos”.
O demônio fica atormentado ao ver o bem que fazem os santos e aqueles que não são santos, mas que procuram imitar os santos.
Os demônios sofrem terrivelmente vendo um ato público de virtude. Porque eles sofrem mais em ver o bem do que em todos os tormentos do inferno.
Houve um santo que chegou a dizer o seguinte: o fato de Deus mandar o demônio para o inferno, foi também um ato de misericórdia, porque o demônio sofreria muito mais se tivesse que ver a Deus.
Ele odeia tanto a Deus, que prefere os piores tormentos do que estar vendo a Deus. Por causa disso o tormento do ato de virtude lhe é crudelíssimo. O homem que faz o bem inflige ao demônio uma tortura tremenda.
“Quando Santa Francisca era tentada, sabia pela natureza e pela violência da tentação de que altura caíra o anjo tentador e a que hierarquia pertencera”.
Isto é entender do assunto!... Saber se foi tentado por um querubim, ou por um trono! Vejam que admirável! O que é o discernimento dos espíritos de uma santa!
“Porém, quando uma alma é salva, também o demônio tentador é escarnecido pelos outros demônios”.
“É conduzido perante Lúcifer que lhe inflige um castigo especial, distinto das suas outras torturas”.
Capela do Mosteiro de Tor de'Specchi das Oblatas de Santa Francisca Romana
Deve ser uma cena de uma molecagem infame quando um demônio volta frustrado para o inferno após haver fracassado!...
Uma sarabanda de caçoadas terríveis, de apodos etc., em que ele volta zombando também e todos os demônios se recolhem frustrados aos seus respectivos antros e lá ficam coaxando eternamente, até vir sobre eles um novo tormento igualmente merecido.
Assim se pode ter uma alegria a mais rechaçando o demônio tentador porque sabemos que aquele demônio vai para o inferno sofrer um tormento especial e que a alma tentada é vingada.
“Este demônio entra às vezes, em consequência, no corpo de animais ou de homens e então faz-se passar pela alma de um morto.
“Quando o demônio conseguiu perder uma alma, após a condenação dessa alma, torna-se o tentador de outro homem, porém é mais hábil do que na primeira vez. Aproveita a experiência que lhe deu vitória, é mais hábil e forte para perder”.
Isso fala em favor da tese de que há um “demônio da perdição” de cada um assim como existe também um Anjo da Guarda.
Isto é muito bom para adquirirmos um verdadeiro ódio ao nosso “demônio da perdição” e para tomarmos uma tática de combate em seu confronto.
Devemos pedir a Santa Francisca Romana que ela nos dê o suficiente discernimento para compreendermos quais ações são do demônio, para odiá-las e talhá-las logo que se iniciam.
Muitas vezes o demônio se apresenta por vias indiretas, sugere-nos coisinhas que parecem insignificantes, uma pequena ideia fixa a respeito de uma ninharia. Por exemplo, uma pessoa que nos olhou de modo “atravessado”.
E a gente começa a achar meio deleitável pensar nisto: “o que aquele fulano fez? Ele me olhou de atravessado!... Lembra-se de tal caso? De tal outro?”
É a ação do demônio... E como é que a gente faz? Corta essas coisas no começo! Há um princípio de sabedoria que diz “principia obstat”, corte no começo! Caso contrário, não adianta.
Tudo quanto é ideia fixa, gosto de ficar se remoendo com ideias que aborrecem, agitação, perturbação, isso é início da ação diabólica que deve ser cortado energicamente!
Vamos Santa Francisca Romana nos dê o discernimento de tudo isto e nos faça compreender como o católico precisa estar preparado para lutar contra essa pluralidade de influências.
E nos previna contra uma doutrina errada mas tão frequente de que a tentação do demônio só é aquela que nos leva diretamente para o pecado e que quando não leva para o pecado diretamente, isso não é do demônio.
Não senhor! Aquilo que prepara o ambiente para o pecado, já é tentação do demônio.
Então, as perturbações, as cóleras, as agitações, as fermentações da imaginação, facilmente podem ser tentações do demônio e a gente precisa se precaver contra elas.
Vamos pedir a Santa Francisca Romana que nos dê uma clara e lúcida visão dessas verdades.
Mons. Athanasius Schneider: o diabo existe e os impenitentes acabam no inferno (legendado em português)
Bispo auxiliar de Astana, capital do Cazaquistão, responde sobre a existência do demônio, do inferno e dos que vão para lá eternamente. (legendado em português)
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Correu-se a laje. Pareceu tudo acabado.
Mais foi o momento em que tudo recomeçou. O reagrupamento dos Apóstolos. O renascer das dedicações, das esperanças.
Na dor, nas trevas, na incompreensão, a grande Páscoa se aproximava.
O ódio dos inimigos rondava em torno do Santo Sepulcro e de Maria Santíssima e dos Apóstolos.
Mas Eles não temiam. Porque em pouco raiaria a manhã da Ressurreição.
Possa também eu, Senhor Jesus, não temer. Não temer quando tudo parecer perdido irremediavelmente.
Não temer quando todas as forças da Terra parecerem postas em mãos de vossos inimigos.
Não temer porque estou aos pés de Nossa Senhora, junto da qual se reagruparão sempre, e sempre mais uma vez, para novas vitórias, os verdadeiros seguidores da vossa Igreja.
(Autor: Plínio Corrêa de Oliveira, Via Sacra, Catolicismo, março 1951, com ligeiras adaptações. Foto: Ressurreição, basílica de São Pedro e São Paulo, Malta)
Indo à Basílica de São Pedro pelo Lungotevere – a avenida que bordeja o histórico rio Tibre – o romeiro é surpreso por uma bonita igreja que tem o imponderável de conter algo muito singular.
Não é só o fato de seu estilo neogótico evocar a França e destoar do distendido conjunto arquitetônico romano.
Luminosa, delicada, esguia, sorridente, mas infelizmente fechada boa parte do dia, a igreja do Sagrado Coração do Sufrágio fica a dois quarteirões de Castel Sant’Angelo e da Via dela Conciliazione, que leva direto ao Vaticano.
Perguntei a amigos romanos o que havia nessa igrejinha.
Eles me explicaram – não sem antes me prevenirem de não me espantar – que lá havia um Museu das Almas do Purgatório.
Quer dizer, uma coleção de sinais do além deixados por essas almas, que na maioria das vezes apareceram ardendo internamente a parentes ou irmãos de religião.
Sempre pedindo orações para saírem do Purgatório, onde pagavam penas devidas a seus pecados e irem para o Céu.
A igreja com destaque à direita, no centro Castel Sant'Angelo,
à esquerda sai a Via della Conciliazione rumo a São Pedro
Quando achei o horário certo, ingressei pela igrejinha do Sagrado Coração do Sufrágio naquele inédito museu.
Nele os objetos estão expostos dentro de quadros protegidos por vidros, encostados uns aos outros por causa da exiguidade da sala.
Talvez seja o menor museu do mundo. E, entretanto, pode-se dizer que o tema ao qual se dedica é mais transcendente que o de muitos museus mais ricos e famosos.
Na época, lamentei as parcas informações fornecidas numa simples folha para uso geral dos visitantes. Mas, ainda assim, os testemunhos do além muito me impressionaram.
Interior da igreja
A importância do Museu evidenciou-se ainda mais com a entrevista realizada há pouco por uma TV italiana com o pároco da igreja, o Pe. Domenico Santangini.
Como ela foi feita em italiano, transcrevi todas suas palavras para o português e apresentando-as aqui.
Os singulares objetos que fazem parte do Museu – roupas, madeiras e outros objetos queimados com formas de mãos e outras pelas almas em fogo – merecem serem estudados pela ciência.
Como católicos nada tememos sobre as verdades de Fé envolvidas no caso.
O Purgatório não foi objeto de uma definição solene ex-cathedra, mas são inúmeros os ensinamentos revelados contidos nas Escrituras e não é lícito duvidar de sua existência.
No centro do altar mor, o Sagrado Coração de Jesus recebe as orações
de Nossa Senhora e São José.
Embaixo, as almas do Purgatório se voltam para o anjo e Nossa Senhora
enquanto o sacerdote oferece a Missa pelas almas que purgam.
Se os teólogos discutem sobre ele, é apenas sobre seu lugar e outras circunstâncias que não mudam o fato essencial: o Purgatório existe e por ele devem passar as almas destinadas ao Céu, mas que devem pagar penas por faltas cometidas na Terra.
Diz-se até que a grande Santa Teresa de Jesus teria passado pelo Purgatório para fazer uma genuflexão que não fez certa vez ao atravessar uma capela...
Como sói acontecer, estudos científicos poderiam fornecer detalhes materiais que contribuiriam para compreendermos melhor a realidade desse lugar do além, o qual não está tão longe de nós como poderíamos achar.
Em consequência, nós nos sentiríamos mais convidados a rezar pelas almas que nele estão – quem garante que também nós não poderemos estaremos um dia? – e fazermos uma meditação sobre o destino final de nossa existência.
“Pensa nos teus novíssimos e não pecarás eternamente” (Eclo 7, 40) – ensinam as Escrituras.
Aliás, o caso desse museu não é o único sobre o qual as ciências não se debruçam.
Mas é algo muito concreto, material: as provas estão gravadas com fogo em panos, folhas, livros e móveis que a gente vê com os próprios olhos e que nos abre uma janela para uma imensa realidade.
Eis a transcrição da entrevista do pároco e curador do Museu do Purgatório:
Pe. Domenico Santangini, pároco do Sagrado Coração do Sufrágio, Roma: É certo que o Purgatório existe, embora não seja uma verdade de fé absoluta como o Inferno e o Paraíso. Porém, para a Igreja, é uma realidade autêntica, verdadeira.
Muitos, infelizmente, fingem não acreditar ou não acreditam de fato, por motivos pessoais. Para nós existe.
Como? Por quê?
Porque o homem é pecador e, enquanto tal, para chegar ao Senhor tem necessidade de purificação. E esta passagem das almas boas é obrigatória, uma passagem para ter uma alma limpíssima.
É lógico que o Purgatório é uma passagem para o Paraíso, não pode ser para o Inferno. Porque o Inferno é uma condenação absoluta e imediata.
Nossa Senhora do Carmo resgata almas do Purgatório.
Brooklyn Museum, escola de Cuzco, Peru
Portanto, procuremos descobrir a importância do Purgatório e de rezar muito pelas almas do Purgatório.
Porque, uma vez que estas almas entram no Paraíso, elas podem interceder por nós que estamos aqui embaixo.
Portanto, caros amigos, caríssimos fiéis, permanecei tranquilos e serenos. O Purgatório é uma grande verdade, uma grande realidade que não podemos deixar de reconhecer.
Quando falamos do além, falamos das almas do Purgatório.
Certamente podemos falar do Inferno.
Mas, não cabe a nós estabelecer quem está no Inferno ou no Purgatório. Só o Padre Eterno sabe, por isso nós cristãos de boa fé, quando encomendamos uma Missa pelos defuntos, a encomendamos pelas almas do Purgatório.
As almas santas podem se fazer sentir, “se apresentar” a nós, de muitas maneiras.
Poder ser num sonho, pode ser num elemento exterior, pode ser uma intuição, pode ser algumas vezes uma aparição.
Assim como temos nesta paróquia, existem testemunhos que põem em evidência como as almas do Purgatório pedem a nós, vivos, orações ou Santas Missas para que elas possam ser liberadas dos sofrimentos do Purgatório.
Por que o Purgatório é sofrimento? Por quê? É sofrimento porque ainda não chegaram a Deus. É o sofrimento da separação de Deus. Esta separação cessa quando entram no Paraíso.
Quem pratica o espiritismo não faz outra coisa senão invocar a alma dos mortos, mas, se respondem, esses mortos querem dizer que estão no Inferno.
Porque as almas que estão no Purgatório, embora distantes do Senhor, não se prestam ao nosso jogo humano de invocação, enquanto que as almas do inferno, que já são almas perdidas, como verdadeiros diabos então respondem, para poder atrair outras almas para onde elas estão.
Portanto, o espiritismo é exatamente o oposto da oração ou da aparição dessas almas aos vivos. É exatamente o oposto.
Altar pelas almas do Purgatório. Igreja de São Francisco, Pontevedra, Espanha
O bom cristão não pode não acreditar no Purgatório. Porque se ele não crê no Purgatório não é um verdadeiro cristão, transforma-se quase num pagão. Sim, um pagão.
Jesus nos disse muitas vezes no Evangelho que, no Fim do Mundo, Ele levará ao Paraíso as almas dos justos que dormem o sono da paz. Os levará ao Paraíso. Então, quer dizer que existe esta passagem.
Lógico, há santos que talvez vão direto ao Paraíso. Mas muitas almas, por faltas mais ou menos graves, passam pelo Purgatório.
Mas o espiritismo é uma coisa nefasta, e os cristãos que vão consultar esses charlatões cometem pecado grave, gravíssimo.
Jornalista : E fazer encomendas é pecado?
Pe. Domenico Santangini: É pior ainda. É pior ainda. Por favor, não façam essas coisas. Porque é o demônio que responde, e de fato toma conta da vossa alma.
O demônio é velhaco, velhaquíssimo. Devemos verdadeiramente evitar ir, e dizer aos outros para não fazê-lo – a nossos parentes, amigos –porque, de outro modo, podem comprometer sua alma.
Quando dizemos que alguém vende a alma ao demônio é através dessa via, desse espiritismo, dessas evocações.
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs
Perdoai a energia de algumas de minhas palavras.
Pode-se manter o sangue frio diante tudo o que se pratica hoje no mundo?
Será que das profundezas da consciência oprimida dos pastores não saem em certas horas brados que as circunstâncias ordenam que eles expliquem?
Não têm os profetas do Altíssimo o direito de permanecer em silêncio quando a iniquidade parece liberta e supera todos os limites de iniquidade, quando o machado está no pé da árvore secular do papado, quando a moral universal é ridicularizada publicamente, e quando o banditismo parece ter-se tornado o novo direito do povo?
A posteridade não irá nos acusar pelo excesso de nossa prolongada moderação, não recearemos que a autoridade dos grandes doutores nos censure por termos esquecido que os servos de Deus devem conciliar liberdade e submissão? (In Ps. LII, 14) (...)
Chegou o tempo de falar porque o tempo de calar acabou...
Olhando para as nuvens para ver se Cristo não vai aparecer, porque o Anticristo domina a Terra.
Chegou o tempo em que os pastores devem levantar a sua voz, porque Satanás se transformou em anjo de luz. (...)
O combate seria mais fácil contra inimigos declarados. Então não haveria dúvida alguma sobre as intenções dos perseguidores.
É no meio dos suplícios, sob a ameaça da espada, diante dos patíbulos que nós elevaremos a voz.
E os povos, testemunhas de uma perseguição manifesta, viriam a nós para nos seguir como a seus chefes e nos acompanhariam na confissão da verdade: et nos populi tanquam duces suos ad confessionem religionis, intelligentia persecutionis publicæ, comitarentur.
"Agora nós lutamos contra um perseguidor que engana, finge ser cristão" Trinity Apocalypse, Cambridge R.16 010r.
Mas agora nós lutamos contra um perseguidor que engana, contra um inimigo que não emprega outras armas senão as da astúcia e da sedução.
Digo-te, Constâncio [N.T.: imperador romano fingidamente cristão que secretamente adorava uma deidade pagã. É prefigura de certos inimigos da Igreja], tu batalhas contra Deus, tu golpeias a Igreja, tu sacrificas a religião, tu tiranizas não apenas as coisas humanas, mas as coisas divinas.
Tu finges ser cristão, e tu és um novo tipo de inimigo de Cristo.
Tu antecipas o Anticristo e preludias surdamente seus mistérios de iniquidade.
Em tudo isso, tu és um perseguidor mais refinado que teus predecessores, porque tu operas tanto mal, arrastas tantas deserções e odeias fazer mártires; tu nos tiras a palma dos mortos gloriosos (S. Hilar. contr. Constant., I, A-7).
(Autor: Cardeal Louis-Édouard-François-Desiré Pie (1815 – 1880), “Éloge funèbre des volontaires catholiques morts pour la défense des États de l'Église, prononcé dans la cathédrale de Poitiers, a la suite du service solennel célébré à leur intention, 11 octobre 1860”, in Oeuvres de monseigneur l'évêque de Poitiers, Tomo 4, Bibliothèque Nationale de France)
Notícia histórica do Cardeal Pie
O Cardeal Luis Eduardo Pie (1815 – 1880), foi bispo de Poitiers, França, elevado ao Cardinalato pela brilhante apologia da infalibilidade pontifícia no Concílio Vaticano I. Ele ficou famoso pelo seu “ultramontanismo” [literalmente = além das montanhas, apelativo dado aos franceses defensores do Papado] e pela sua ativa apologia do reinado social de Cristo Rei.
No Grande Seminário de Saint-Sulpice, em Paris, se destacou na polêmica contra os eclesiásticos “galicanos” [defensores de falsas prerrogativas do governo leigo francês, ou “galo”]. Ele foi ardido pregador contra o liberalismo, o relativismo e o livre pensamento condenado pelos Papas.
Em 12 de julho de 1843 escreveu uma carta que definia sua orientação autenticamente católica: “O partido neo-católico liberal é um filho da Revolução; e a Revolução é satânica na sua essência”.
Foi vigário da catedral e vigário geral da diocese de Chartres. Em 28 de setembro de 1849, o Papa Pio IX o nomeou bispo da diocese de Poitiers, ilustrada pelo ensinamento de Santo Hilário, Doutor da Igreja.
Ele resumia sua ação com a frase de São Paulo: instaurare omnia in Christo.
Exerceu grande influência sobre o conde de Chambord, pretendente legítimo ao trono da França. Foi muito hostilizado pelos bispos favoráveis a uma conciliação com o liberalismo positivista anticristão. Esses bispos defendiam um carunchado e insincero “cristianismo moderado”.
O bispo de Poitiers lhes respondia que “o diabo se chacoalha violentamente no seio do cristianismo moderado”, o qual segundo ele, era uma das mais danosas formas de subversão.
Ele tentou influenciar o imperador Napoleão III e lhe abrir os olhos diante do perigo que crescia contra a Igreja e contra a sociedade. Após infrutífera audiência em 15 de março de 1859, Mons. Pie anunciou profeticamente ao chefe de Estado o fracasso de seu reinado. O imperador foi deposto em setembro de 1870 após catastrófica derrota contra a Prússia protestante e iluminista.
Mons. Pie comparava o contrarrevolucionário Papa Pio IX ao próprio Cristo dizendo que o furor do inferno e do laicismo se desencadeou contra o Pontífice. Ele punha no boca do governo francês as insensíveis e cruéis palavras de Poncio Pilatos: Ecce homo !
Ele preveniu bispos e governantes para a vinda não remota do Anticristo preanunciada pela dissolução geral da sociedade cada vez mais liberal.
Mons. Pie foi perseguido e condenado pelo governo. Em 1863, denunciava a perseguição anticristã dizendo:
“O objetivo da Revolução [se referindo em primer lugar à Revolução Francesa de 1789 e seus sucedâneos] é o esmagamento do cristianismo na vida pública, a derrubada da ortodoxia social.
“Destruir os últimos restos do edifício antigo da Europa cristã. E, para que a demolição seja definitiva, abater a pedra angular em volta da qual ainda poderiam se articular os últimos restos subsistentes.
“Eis a obra na qual convergem abertamente as mil vozes da impiedade da nossa geração: a caotização à qual nos assistimos”.
Em 29 janeiro de 1879 foi elevado à dignidade de Cardeal pelo Papa Leão XIII. Roma quis premia-lo pelo seu brilhante atividade no Concílio Vaticano em favor do dogma da infalibilidade pontifícia, felizmente aprovado.
O cardeal Pie – “meu Mestre”, dizia São Pio X – profetizou, e eis aqui alguns textos que é bom redescobrir nestes dias.
A concordância com as mensagens de La Salette e Fátima se impõe por si mesma e dispensa comentários.
(Fonte: verbete Louis-Édouard Pie, Wikipedia, e idem).
Escritor, jornalista,
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Um amigo e leitor deste blog nos fez chegar um documento interessante a respeito do futuro da Igreja e da civilização que tanto nos preocupam.
Em atenção à fonte – o jornal vaticano “L'Osservatore Romano” – achamos por bem reproduzir a parte central do artigo “Curiosidades proféticas”.
Sobre tudo considerando que dito artigo foi publicado numa época em que o jornal da Santa Sé era referência solidíssima de ortodoxia doutrinal e rigor jornalístico na difusão da verdade. Em concreto, o artigo saiu à luz em 16 de abril de 1943, pág. 3.
O leitor perceberá logo a utilidade espiritual que se pode tirar da leitura destes anúncios do Venerável Padre Bernardo Maria Clausi (1789 - 1849), frade da Ordem dos Mínimos de São Francisco de Paula, nascido na província de Cosenza, no sul da Itália.
Os textos recolhidos no Vicariato de Roma foram publicados pela Sua Eminência o Cardeal Patriarca de Veneza Mons. Pietro La Fontaine no longínquo ano de 1886.
A concordância com as mensagens de La Salette – no mesmo século que viveu o santo religioso – e de Fátima no século XX também saltam aos olhos.
Todas essas mensagens de Nossa Senhora e de almas santas dotadas de luzes profética concordam em anunciar um grande castigo regenerador da humanidade pecadora e um esplendoroso e consolador triunfo da Igreja.
Os fatos concretos que estamos vivendo sugerem a iminência dos eventos sobrenaturalmente preanunciados para tempos que há mais de um século pareciam remotos.
“Curiosidades proféticas”
Autor: A. Vardanega, L’Osservatore Romano, 16 de abril de 1943, pág. 3.
A profecia permeia a história da Igreja e é uma de suas prerrogativas. São Gregório Magno define também a função da profecia: iacula quae praevidentur minus feriunt [“os dardos que se preveem ferem menos”], frase que na admonição do antepassado Cacciaguida, Dante traduz assim: “A flechada que foi prevista chega mais lentamente”.
Cardeal Pietro La Fontaine,
Patriarca de Veneza, (1860-1935),
autor da compilação dos anúncios do Pe Clausi
sobre o futuro flagelo divino.
Mas, junto com estes admoestadores e educadores do povo que são os grandes profetas, no seio da Igreja resplandecem outras profecias, difundidas por vezes pela Igreja com toda a autoridade que lhe é própria, surgidas nos silêncios místicos de almas pias, para consolar e admoestar, corrigir e soerguer testemunhos em todas as épocas de vitalidade da Igreja, advertências para quem quer ouvir o significado profundo, fresta aberta para mergulhar no reino da eternidade, apelo feito a todos para a realidade daquele “permanecei atentos” que é o pressuposto fundamental que nos leva a considerar cada instante da vida humana como se fosse o último.
Tais predições são recolhidas avidamente até pelos incrédulos e são por vezes objeto de especulações e interpretações arbitrárias, mas não é o caso de falarmos aqui delas.
Entre os livros do piedoso e grande Patriarca de Veneza Lafontaine [Cardeal Pietro La Fontaine, 1860 – Patriarca de 1915 a 1935], encontra-se um curioso pequeno opúsculo, impresso em 1886 com o imprimatur do cônego Francaro (Pádua 21 de janeiro de 1886) e intitulado “O flagelo predito pelo Venerável Pe. Bernardo Clausi”.
O opúsculo tende a revelar o flagelo que haveria de cair sobre o mundo numa data não definida, mas com detalhes que têm todo o sabor da atualidade.
“Deus, adverte o compilador, já esgotou todos os meios para converter os homens.
“Após tê-los convidado à aproximação com a palavra viva do imortal [Papa Beato] Pio IX, mandou enchentes, terremotos, pragas epidêmicas.
“Mas tudo foi em vão. Agora só nos resta aguardar o grande flagelo predito pelo Venerável Padre Clausi”.
O Venerável Pe Clausi, levava sempre consigo esta imagem
a cuja intercessão foram atribuídas muitas graças.
O Pe. Clausi foi um sacerdote e pregador da Ordem dos Mínimos, nascido em Castello di San Sisto (diocese de Cosenza) em 27 de novembro de 1789, falecido em Paula em 20 de dezembro de 1849 e declarado Venerável pela Igreja.
Eis com quais palavras predisse o flagelo, segundo se depreende de diversos testemunhos recolhidos no Vicariato de Roma em 1861.
“As coisas devem atingir o cúmulo, e quando a mão do homem não puder fazer nada e que tudo parecer perdido, então Deus porá a sua, e tudo se realizará como o raio e será tal a doçura que experimentará cada um no coração, que lhe parecerá degustar as delícias do Paraíso...
“Os próprios ímpios deverão confessar que isso aconteceu pela mão de Deus...
“O flagelo será terrível e concentrado sobre os ímpios; será de um gênero novo e de fato inaudito. O céu e a terra agirão unidos e se converterão grandes pecadores.
“Esse flagelo será geral em todo o mundo, e aqueles que sobreviverão lhes parecerá terem ficado só eles, de tal maneira será terrível”.
Depois afirma que “ele [o Pe. Clausi] já não se encontraria, e que [o flagelo] seria seguido de uma reordenação geral, com grande triunfo da Igreja.
“Bem-aventurados aqueles que se encontrarão naqueles felizes tempos, porque se viverá na verdadeira caridade fraterna.
“Antes que chegue esse flagelo, os males do mundo crescerão de um modo tal que parecerá que saíram os demônios do inferno e os bons viverão num verdadeiro martírio pelas perseguições dos maus...
“Não acrediteis em quem queira definir o tipo de castigo, porque será uma coisa nova que Deus não revelou a ninguém”.
ou o de Melânia, a extática de Orla: “Naquele momento acontecerão três dias (dever-se-ia pensar em três anos?) de densas trevas”;
A Beata Anna Maria Taigi, contemporânea do Pe. Clausi,
previu que nos dias do flagelo divino
“a atmosfera estará empestada pela presença visível dos demônios”
Para conforto dos bons, o Pe. Clausi repetia diversas vezes que “o flagelo cairá todo sobre os ímpios e será grande, terrível e geral pelo mundo todo, e quem sobreviver a esse flagelo não poderá fazer outra coisa senão rezar...
“Depois desse espantoso caos renascerá a ordem, será feita justiça a todos e o triunfo da Igreja será tal que não terá tido nunca algum outro semelhante”.
“Tudo isso, porém, acrescenta o redator do opúsculo, nós não o damos como simples conjecturas”, e conclui com as fortes palavras do grande Pontífice Pio IX, pronunciadas em 28 de setembro de 1873, e que verdadeiramente têm sabor profético:
“Agora, eu não vos direi que todos estes males passarão dentro de pouco tempo, não vos direi que estamos na véspera da liberação e do triunfo, mas vos direi que Deus se manifestará com certeza, porque Ele é senhor do tempo em que se operará esse prodígio”.
Nossa Senhora apareceu em La Salette.
Ela chorava pela crise da Igreja e do mundo.
Ela falou para nossos dias. Ela acenou para a iminência do castigo divino. O que Ela disse? - Clique na foto e veja