Nossa Senhora de Kibeho, imagem em Ruanda |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
São 12:35 h do dia 28 de novembro de 1981, na localidade de Kibeho, em Ruanda, pequeno Estado localizado bem no coração da África.
No refeitório da escola religiosa que frequenta, Alphonsine Mumureke, de 17 anos, ouve uma voz: “Minha filha!”.
Julgando estranho esse chamado, a adolescente dirige-se ao corredor do edifício e encontra uma linda Senhora.
Esta aparece toda vestida de branco, com um véu em torno do pescoço, as mãos juntas sobre o peito como em oração.
Alphonsine pergunta-lhe: “Quem é a Senhora?”.
— “Sou a Mãe do Verbo”.
E continua: “Vim para te acalmar, porque tenho escutado tuas orações. Quisera que tuas amigas tivessem muita fé, porque elas não creem com fé suficiente”
Inicia-se a extraordinária história de uma das poucas aparições do século XX reconhecidas até agora pela Igreja.
Com efeito, das cerca de 400 aparições marianas registradas no século XX, cerca de 12 têm reconhecimento do Vaticano ou dos bispos com jurisdição no local da aparição.
Este reconhecimento deu-se em 29 de junho de 2001 pelo bispo Augustine Misago, numa missa na catedral de Gikongoro, na qual estavam presentes os outros bispos do país e o núncio apostólico em Kigali, Mons. Salvatore Pennacchio.
No mesmo dia o Vaticano publicou a notícia da aprovação, dando assim respaldo à declaração episcopal (Cfr. “Radio Vaticana”, 30-6-01).
A vidente Irmã Alphonsine Mumureke |
A própria Alphonsine teve várias aparições até 1989. Estas, e as aparições às outras duas videntes, foram confirmadas pela autoridade eclesiástica.
Essencialmente Nossa Senhora pediu orações, a renúncia ao pecado, o arrependimento e confissão destes. E, mostrou as consequências do pecado.
Hoje em dia, a maioria das pessoas considera que ser católico consiste em assistir à missa aos domingos e, quando muito, praticar em particular ou em pequenos grupos alguma ação religiosa ou social.
A ideia de que Deus deve ser reconhecido e cultuado pelos homens não só individualmente, mas pelo conjunto da sociedade enquanto tal, e de forma pública, está infelizmente desaparecendo.
E a par disso vai se extinguindo em nossos contemporâneos a noção da gravidade do pecado coletivo.
É por isso que numerosos católicos manifestam-se indiferentes quanto ao combate aos pecados coletivos, como a adoção legal do aborto, do homossexualismo, do laicismo, do ateísmo etc.
Pensam eles que, não cometendo tais pecados particularmente, não têm outras obrigações, e com isso estariam isentos de qualquer castigo divino.
Atual santuário das aparições em Kibeho, Ruanda |
Por exemplo, pouco antes das aparições, houve no país uma onda de destruições de imagens religiosas.
Por isso, têm especial importância as aparições ocorridas no dia 19 de agosto de 1982, em que as videntes viram Nossa Senhora chorando. Elas também acompanharam o pranto da Mãe de Deus.
Mais de uma vez, alguma delas chegou a desmaiar. No total, foram oito horas seguidas de visões.
Segundo as jovens, Nossa Senhora apareceu triste, contrariada, verdadeiramente “encolerizada”.
Alphonsine Mumureke contou que a Santíssima Virgem chorava. E as três jovens foram vistas tremendo, batendo os dentes e caindo por terra como mortas.
Disseram elas ter visto
“um rio de sangue, pessoas que se matavam umas às outras, cadáveres abandonados sem alguém que os enterrasse, uma árvore toda em fogo, um abismo escancarado, um monstro, cabeças decapitadas”.
E contaram ter ouvido dos lábios da belíssima Senhora, envolta num traje esplendoroso, frases do tipo:
“Os pecados são mais numerosos que as gotas do mar. O mundo corre em direção à ruína. O mundo está cada vez pior” (“Avvenire”, Milão, 30-6-01, Sim, Maria realmente apareceu em Ruanda).
Nesse dia, milhares de pessoas estiveram presentes no local das aparições. Todas saíram sob uma forte impressão de medo e tristeza.
A última aparição de Kibeho, em 28 de novembro de 1989, ocorreu exatamente oito anos após a primeira.
O 'memorial do genocídio' lembra a satânica explosão de ódio étnico que levou centenas de milhares de vidas. Nossa Senhora tinha advertido mas não foi levada bem a sério |
Mas não se operou a conversão dos pecadores como Nossa Senhora pedira e, menos de cinco anos após a última aparição, caiu o tremendo castigo sobre aquela infeliz nação africana.
Entre abril e junho de 1994, ocorreu uma onda de massacres cuidadosamente planejada.
Em Ruanda, onde quase metade da população se declarava católica, foi sendo cultivado, sob diversos pretextos, o ódio entre as duas raças principais que compõem o país: a dos hutus e a dos tutsis.
Invocando a morte do presidente do país em um atentado, 30.000 facínoras, aglutinados em torno de um partido, lançaram-se numa cruel caçada aos adversários.
Aldeias inteiras foram massacradas, sendo a maioria das vítimas mortas a machadadas.
Tantos corpos foram lançados no rio Kagera, que este ficou conhecido como Rio do sangue.
Pior. Numa terra já devastada por numerosas matanças, as igrejas haviam sido refúgios respeitados, onde as pessoas podiam se proteger para escapar às carnificinas. Mas desta vez isto não aconteceu.
Milhões fugiram sem rumo do genocidio |
Uma das videntes, Maria Clara Mukangango, foi morta com o marido no povoado de Byumba.
Em três meses, milhares de pessoas foram massacradas. Até hoje o número exato é controvertido.
Alguns falam em 250.000, outros chegam a calcular um milhão. A cifra mais provável gira em torno de 800.000 mortos. Verdadeiro massacre, classificado como “o maior genocídio africano dos tempos modernos” (“BBC” on line, Londres, 7-6-01, Rwanda, how the genocide happened).
Numa das aparições, Nossa Senhora comunicou a Maria Clara: “Quando falo contigo, não estou me dirigindo só a ti. Mas estou fazendo um apelo a todo o mundo”.
A vidente narrou que a Virgem descrevia o mundo como estando “em revolta” contra Deus.
Dificilmente alguém pode negar tal afirmação.
Os pecados dos quais Nossa Senhora se queixou em Ruanda são cometidos — e quantos até mais graves — em todo o mundo.
Basta pensar na proliferação das legislações abortistas, e as do chamado “casamento” homossexual.
Hoje multidões vão ao santuário de Kibeho a implorar proteção diante do que pode vir num mundo “em revolta” contra Deus |
Seriam então tais considerações motivo para desânimo?
Pelo contrário!
Devem ser elas motivo para animar-nos a atuar com mais empenho em prol da restauração de uma sociedade plenamente católica.
Se o castigo divino nos surpreender em meio a essa benemérita atuação, a misericórdia de Deus tomará isso em consideração, em nosso favor.
(Fonte: CATOLICISMO, Janeiro de 2004).
Já tinha ouvido falar nessa aparição, mas não conhecia a sua história.
ResponderExcluirMuito impressionante! A parte que as videntes veem o massacre que iria acontecer no país e caem como mortas de medo lembra de certa forma a visão que os pastorzinhos tiveram do inferno em Fátima.
Nossa Senhora de Kibeho, rogai por nós!
Veja essa notícia!
ResponderExcluirHospitais católicos da Irlanda se recusam a fazer abortos (em françês)
https://www.cqv.qc.ca/les_hopitaux_catholiques_d_irlande_refusent_de_perpetrer_des_avortements
PARABÉNS A ESSES HOSPITAIS!