segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Início do Segredo de La Salette:
corrupção do clero atrai a ira divina

Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs

















continuação do post anterior: “Morte” e “ressurreição” de La Salette foi profetizada por Mélanie



Dificuldades na transcrição da visão

Maximin e Mélanie foram beneficiados por um privilegiado e manifesto auxílio sobrenatural para serem fiéis a tudo que tinham visto ou ouvido.

Este fato não evitou que a complexidade da visão e as limitadas forças intelectuais dos videntes criassem dificuldades para verter a aparição no papel.

Maximin era pouco hábil em redação. Em 1851 foi necessário que reescrevesse tudo, devido às manchas de tinta do seu escrito. Sua escassez de recursos reflete-se na redação.

O modo como se deu a revelação também contribui para um certo vai e vem na ordem cronológica do relato dos videntes.



Houve sucessivas redações do segredo resultantes desse esforço de explicitação dos videntes, em especial de Mélanie.

O segredo na sua forma mais completa

Os videntes só aceitaram revelar o segredo antes de 1858 por obediência, e com a finalidade de ser levado ao conhecimento exclusivo do Papa.

Este foi o motivo da primeira redação oficial do segredo, feita por Maximin em 3 de julho de 1851, e por Mélanie três dias depois.

Em 1853 o novo bispo de Grenoble, Mons. Ginoulhiac, ordenou que eles voltassem a verter o segredo no papel. Todas estas redações ficaram sob sigilo no Vaticano.

Em 1858, ano da aparição de Nossa Senhora em Lourdes, os videntes ficaram liberados da obrigação do silêncio e deram a público o segredo.


Mélanie enviou ao Papa, o Beato Pio IX, uma redação mais aprimorada.

No resto da vida, tanto Mélanie quanto Maximin responderam a inúmeras consultas e pedidos de esclarecimento.

Transcreveremos a seguir na íntegra a versão do segredo que é tida pelo Pe. Corteville como a mais completa.

É uma redação mais extensa, feita por Mélanie em 21 de novembro de 1878, considerada definitiva pela vidente.


Nossa Senhora confia o Segredo em La Salette
Assim começa o segredo:
“Mélanie, o que vou dizer-vos agora não ficará sempre segredo, podereis publicá-lo em 1858.

“Os sacerdotes, ministros de meu Filho, pela sua má vida, sua irreverência e impiedade na celebração dos santos mistérios, pelo amor do dinheiro, das honrarias e dos prazeres, tornaram-se cloacas de impureza.

“Sim, os sacerdotes atraem a vingança e a vingança paira sobre suas cabeças.

“Ai dos sacerdotes e das pessoas consagradas a Deus, que pela sua infidelidade e má vida crucificam de novo meu Filho!

“Os pecados das pessoas consagradas a Deus bradam ao Céu e clamam por vingança.

“E eis que a vingança está às suas portas, pois não se encontra mais uma pessoa a implorar misericórdia e perdão para o povo.

“Não há mais almas generosas, não há mais ninguém digno de oferecer a vítima imaculada ao [Pai] Eterno em favor do mundo”.

Estas palavras iniciais do segredo foram das que causaram mais polêmicas. Sobretudo a referência aos maus sacerdotes que “se tornaram cloacas de impureza”.

Não é raro encontrar até nos escritos de santos e bem-aventurados expressões fortes como esta a respeito de situações deploráveis. É o caso, entre outros, dos escritos da Bem-aventurada Elisabeth Canori-Mora.

Deus também falou com severidade sobre os pecados do clero à Beata Isabel Canori Mora
Beata Isabel Canori Mora
No processo de beatificação, o censor eclesiástico aprovou o diário da Beata Elisabeth justificando:
“Lamentações deste gênero, expressas por vezes com linguagem ainda mais vibrante, não são absolutamente nenhuma novidade nos escritos dos Servos de Deus, para os quais, se era doloroso ver a corrupção no povo, muito mais era ter que deplorá-la nos ministros do santuário”.
Respondendo à dificuldade dos que achavam inverossímil que os termos “cloaca de impureza” se aplicassem a sacerdotes, Mélanie escreveu em carta ao Pe. Faure: “Eu reconheci uma dezena!”.

Ela se referia ao fato que durante a locução de Nossa Senhora, o fundo do panorama alpino se transformou numa espécie de telão gigante onde os videntes viam representada a realização das palavras de Nossa Senhora.

Os bons sacerdotes e religiosos

No tempo de Mélanie havia muitos sacerdotes santos e virtuosos que ela própria conheceu, alguns já canonizados. A respeito destes, o segredo tem uma linguagem totalmente diferente.

Na redação oficial de 6 de julho de 1851, Mélanie escreveu:

“Os sacerdotes, as religiosas e os verdadeiros servidores de meu Filho serão perseguidos, e muitos morrerão pela fé de Jesus Cristo”.


continua no próximo post: Pecados dos líderes religiosos e civis excitam a cólera divina


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