segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

A França tocada a fundo pela aparição

Hotel de la Poste em Corps: centro de reunião pois lá chegavam as carruagens e os jornais
Hotel de la Poste em Corps: centro de reunião pois lá chegavam as carruagens e os jornais
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






continuação do post anterior: Nossa Senhora revela a parte pública da mensagem




Após a aparição: comoção no clero e no povo

Os dois videntes narraram o acontecido ao Pe. Jacques Perrin, pároco de La Salette. Este, ouvindo o relato, comoveu-se até o pranto.

Ele batia no peito, exclamando: “Meus filhos, estamos perdidos, Deus vai nos punir. Ah, meu Deus, foi a Santa Virgem que apareceu para vocês”.

Nessa hora o sino tocou para o início da missa. Ele então fez um sermão que emocionou vivamente os paroquianos.



Depois os videntes foram para suas famílias. Mélanie não o fez imediatamente, ficando ainda na casa dos patrões, mas sim Maximin. Separaram-se e não voltaram a se ver durante três meses.

Foi providencial, pois não puderam conversar entre si. Desse modo, familiares e conhecidos puderam comparar o que os dois diziam, independente um do outro, e comprovar que tudo concordava na perfeição, sem possibilidade de uma montagem das crianças.

Os patrões dos videntes os interrogaram no dia seguinte ao da aparição e lavraram um relato.

O mesmo fez com Maximin o prefeito de La Salette, Pierre Peytard, dois dias depois do acontecimento.

Estrada rumo a La Salette. A aldeia está já no morro. No local da aparição vê-se uma Cruz bem no alto
Estrada rumo a La Salette. A aldeia está já no centro. No local da aparição vê-se uma Cruz bem no alto
Estes inquéritos foram os primeiros de uma longa série, que os videntes atravessaram airosamente.

Uma comissão da cidade fez mais uma apuração em regra. Cada um dos membros redigiu um relatório do que os videntes disseram individualmente.

Esses relatórios iriam ter um papel imenso na divulgação inicial do ocorrido em La Salette.

A notícia espalhou-se como rastilho de pólvora por grande parte do país. Em pouco tempo toda a França já conhecia o fato sobrenatural e tomava posição a seu respeito. As pessoas disputavam cópias manuscritas dos interrogatórios, especialmente dos relatórios.

Cinco meses depois apareceu em Paris o primeiro livro sobre a aparição, e uma das publicações chegou a atingir 300.000 exemplares.

Maus católicos sentem-se denunciados pela mensagem de La Salette

Decapitação de Luis XVI: revolucionários e maus católicos estavam aliados
Decapitação de Luis XVI: revolucionários e maus católicos estavam aliados
Rapidamente cresceu o interesse nacional pela aparição, sob o bafejo da graça. Mas tinha também explicações naturais.

A França estava dividida do ponto de vista religioso e político. Havia católicos que se diziam liberais ou sociais.

Eram os precursores do movimento que hoje semeia a desordem na Igreja, conhecido também como progressismo.

Estavam conluiados com os propagandistas do igualitarismo libertino, laicista e anticatólico da Revolução Francesa de 1789.

Eles exploravam e favoreciam atritos sociais e queriam subverter a Igreja por dentro. Tornavam relativa sua moral e insistiam nas questões sociais que eles distorciam bastante.

Neste ponto ecoavam os argumentos dos socialistas, comunistas ou marxistas, dizendo por vezes se opor a eles. E outras vezes nem isso.

Em política faziam uma convergência com uma democracia revolucionária, laicista, igualitária, imoral e visceralmente anticristã. Era a democracia revolucionária imoral e anticristã, filha da Revolução Francesa.

São Pio X condenou depois os erros desses maus católicos na Encíclica Pascendi Dominici Gregis, e especialmente na Carta Apostólica Notre Charge Apostolique.

Napoleão III: Nossa Senhora advirtiu contra sua falsidade
Napoleão III: Nossa Senhora advirtiu contra sua falsidade
Tais católicos liberais sentiram-se apanhados e denunciados pela mensagem de La Salette, no que eles tinham de mais oculto e revolucionário.

De outro lado, havia os católicos piedosos e autênticos, defensores de todas as formas de legitimidade.

Estes, ao saberem da mensagem de La Salette, tiveram uma confirmação de tudo o que a fé e a fidelidade à Igreja lhes inspirava.

Os governos da época – monarquia ilegítima de Luís Felipe, segunda e terceira repúblicas, bem como o império de Napoleão III – eram considerados com horror pelos melhores representantes do catolicismo francês.

Tais governos não ocultaram seu ódio contra La Salette.

Sobretudo Napoleão III, cujo jogo falso ficara desvendado na aparição.

Assim a mensagem de Nossa Senhora incidiu na carne viva dos problemas religiosos, políticos e ideológicos da França. Mutatis mutandi, esses problemas eram análogos aos do mundo católico ocidental daquela época.


continua no próximo post: Bons efeitos da aparição e mudanças de vida em outras regiões


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