Servo de Deus João Batista Reus SJ, No quartel, como aspirante a oficial, em 1890. Seu espírito reto era muito afim com o perfil militar |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Continuação do post anterior: Pe.Reus e a transverberação, fenômeno místico excepcional
O Pe. Reus, por natureza, não era inclinado para o misticismo ou fenômenos extraordinários sobrenaturais.
Esses, entretanto, começaram a lhe acontecer e até num grau comparável ao dos máximos místicos da Igreja Católica. Ele se inclinava a atribui-los a enganos do demônio, mas todas as tentativas de esclarecimento que ele procurou, confirmaram que eram autenticamente sobrenaturais.
Acrescia que o mau cheiro do progressismo que subverte hoje a liturgia com fenômenos estranhos, enganosamente atribuídos à divindade ou a forças supostamente sobrenaturais já se infiltrava na Igreja como energias divinas resultantes de práticas litúrgicas relativistas ou heterodoxas.
A primeira preocupação do Pe. Reus foi se abrir com as autoridades de sua ordem, a jesuítica. Esta prática apela a um juiz que determinará se são obra ou não do diabo e assim afasta o demônio.
Em 1º de agosto de 1942, o Pe. Reus rendeu contas de consciência ao Pe. Provincial. “Ele aprovou tudo e pediu que continuasse fazendo minhas anotações, como o Provincial anterior, Pe. Leopoldo Arntzan, já havia solicitado. (...)
O juízo dos superiores
O padre Ferdinand Baumann, seu consciencioso biógrafo, que o conhecia pessoalmente, relata o seguinte:
“Todos viram no Padre Reus um homem sério, razoabilíssimo, firme nas suas atitudes, de mentalidade crítica, enérgico, livre de sentimentalismo e exaltação.
“Todos conheciam sua veracidade inabalável e sabiam que se devia dar crédito incondicional ao que dizia.
“Os superiores conheciam suas virtudes heroicas: penitências e mortificações extraordinárias, adorações noturnas, permanente e notório recolhimento e autocontrole. Não poderia ter praticado tudo isso sem ser misticamente agraciado”.
Como prova convincente da autenticidade de suas visões, o Padre Reus declara:
“... não dependem de mim. Sobrevêm frequentemente, em dias comuns, e não nas festas comemorativas (por exemplo Sexta-feira Santa), quando a alma está repleta do mistério do dia. Também não me é possível modificar algo nas visões, circunstâncias mencionadas também por Santa Teresa”.
Por outro lado, o Padre Reus não desejava o extraordinário. Rezava e pedia ao seu Senhor e Deus: “Sabeis que não procuro coisas extraordinárias, admito-as, unicamente, porque Vós mas enviais”. (apud “As visões e êxtases do Padre João Batista Reus”)
Esta prática dominou toda sua vida. Mais tarde escreveu que falando com o Pe. Provincial,
“em muitas visões, não há nenhum vestígio de algo impróprio; assim, é impossível uma dúvida fundamentada sobre a autenticidade. O Pe. Provincial esteve de acordo e fundamentou isso argumentando com a Sagrada Escritura” (AeD, vol.4, nº4736)
Acresce que seus fenômenos místicos eram estritamente sobrenaturais. Por isso confessou: “Nunca pelo que sei, vi algo com os olhos do corpo” (AeD, vol.4, nº4739)
E em espírito de humildade, acrescentou: “eu tenho, como parece, uma graça especial: a de distinguir o verdadeiro e o falso” (AeD, vol.4, nº4737)
As certezas que lhe davam os juízos dos superiores, foram um constante conforto espiritual:
“Os superiores aprovam meu comportamento e minhas visões” (AeD, vol.4, nº4741)
O próprio Jesus Cristo quis premiá-lo pela sua observância das regras litúrgicas
Anjos seguram a coroa de Cristo sobre o Pe. Reus. Desenho do Pe.Reus |
“Ambos os anjos tomaram do amado Salvador e a ergueram sobre mim até o final da santa Missa. E, então, devolveram a coroa ao amável Salvador.
“Aí eu observei também como o Pai Celestial e o Espírito Santo permaneceram com sua coroa, enquanto o Divino Salvador punha a dele à disposição de seu sacerdote no altar, ...
“A coroa é o poder do sacerdote, porém o verdadeiro Senhor dela é Cristo Sumo e Eterno Sacerdote. Ele a compartilha com seus servos escolhidos.
“Ele realmente dá a sua coroa ao sacerdote no altar. Esse amor é sem limites. Infelizmente muitas vezes é desprezado”. (AeD, vol.4, nº4713)
Cristo coroa de espinhos na Missa ao sacerdote que celebra seriamente como o Pe. Reus |
Em 19 de setembro de 1944 “depois da Consagração, pareceu-me que tivessem colocado a coroa de espinhos sobre mim.
“Vi a coroa de espinhos entre mim e o trono da Santíssima Trindade; ... vi o Menino Jesus com a cruz à direita da Santíssima Trindade, cercado de santos anjos. (AeD, vol.4, nº4773)
Fonte: “Autobiografia e Diário do Padre Reus”, editora Unisinos – Livraria e Editora Pe. Reus, Porto Alegre, 1999, 5 volumes. Fundamentamos estes posts nos cinco volumes desta autobiografia, que citaremos por brevidade como AeD. Em caso de recorrermos a outra fonte, faremos menção completa dela.
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