segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Pe.Reus e a transverberação, fenômeno místico excepcional

Detalhe de 'Transverberação do Coração de Santa Teresa de Ávila'. Josefa de Óbidos (1630 — 1684). Igreja Matriz de Cascais
Detalhe de 'Transverberação do Coração de Santa Teresa de Ávila'.
Josefa de Óbidos (1630 — 1684). Igreja Matriz de Cascais.
O Pe. Reus teve análogo fenômeno místico.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs








Continuação do post anterior: Pe. Reus: guerra do inferno contra a boa Missa e o celebrante estrito



“Eu procurei quem me consolasse e não encontrei” lamenta Nosso Senhor segundo uma Antífona que se canta também na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus.

As palavras glosam um salmo de David: “seus ultrajes abateram meu coração e desfaleci. Esperei em vão quem tivesse compaixão de mim, quem me consolasse, e não encontrei”. (Salmo 68, 21-22)

O Pe. Reus voltou sua profunda devoção para o Sagrado Coração de Jesus oferecendo suas dores pela ingratidão dos homens e consolar os insultos a Nosso Senhor Jesus Cristo, a Nossa Senhora e a Igreja no mundo.

Ele foi um homem transfixados pela dor numa época em que a Igreja ia sendo amolecida por um espírito alegrote e ia ficando pronta sorrateiramente para a atual explosão de progressismo desregrado.

Ele foi como um homem ajoelhado que oscula as gotas de sangue que a Igreja derrama e seus filhos deixam cair no chão procurando consolá-la.

Como vimos nos posts anteriores, seu coração trocado com o Sagrado Coração de Jesus era uma fonte de labaredas de intenso fogo de amor reparador.

Nosso Senhor quis premiar essa atitude heroica com o fenômeno extraordinário da trans-verberação, concedido outrora a santos da envergadura de Santa Teresa de Jesus.

Foi assim que no dia 3 de outubro de 1941, em seu quarto, “vi como meu coração fora perfurado com uma flecha, ou melhor, fora ferido, causando-me dor muito intensa. ... com a flecha no coração, passava pelo corredor, também vi o anjo, que ainda estava com a mão na flecha” (AeD, vol.4, nº3589)

Desenho do Pe Reus de seu coração transverberado
Desenho do Pe Reus de seu coração transverberado
A flecha, com que um anjo me feriu o coração no dia 3 de outubro, ficou sempre visível a partir de então.

“Hoje quando estava deitado em ardor de amor, uma mão invisível transpassou o meu coração fora a fora, de forma que a ponta saiu do outro lado. Na ponta brilhava uma pequena chama de fogo.

“O anjo que fez isso, transpassou duas vezes o meu coração. A dor foi tão grande que gemi alto. Desde então, vejo a flecha em meu coração”. (AeD, vol.4, nº3608)


Vida de penitência e de sacrifício

Padre Reus tinha verdadeira fome e sede de sacrifícios. Aceitava resignadamente os desprezos, as humilhações que feriam profundamente sua extrema susceptibilidade.

Flagelava-se diariamente antes de se recolher à noite; cingia-se frequentemente com um cilício de ferro, dormia sobre duas tábuas, escondidas debaixo do lençol, jejuava quase sem interrupção e dominava os sentidos e a natural curiosidade de maneira edificante.

Mas o maior sacrifício foi sem dúvida, a renúncia à sua vontade e sua perfeita e constante subordinação à vontade dos superiores.

Verdadeira tormenta agitou-lhe a alma, quando soube ser desejo da Ordem que os súditos abrissem suas consciências não só ao superior provincial, mas também ao superior da Comunidade.

“Parecia-me então mais fácil confessar pecados graves – se os tivesse – do que revelar as graças místicas”.

Grande provação para o Padre Reus era a gradativa perda da visão, que poderia transformar-se em cegueira completa.

Deus, porém, se contentou com a boa vontade de Seu Servo, preservando-o da cegueira. Mas a surdez, própria da velhice, não lhe foi poupada. (apud “As visões e êxtases do Padre João Batista Reus)


O fogo que emanava de seu coração transpassado pelo dardo de amor divino tinha um caráter reparador.

Entre 22 e 24 de novembro, conta ele, “vi-me em um mar de chamas ... as chamas saiam de meu coração, subindo para o trono das três Santíssimas Pessoas e as envolvia.

“Delas saiam torrentes de fogo em minha direção. ... Do meu coração saíam chamas de fogo que subiam até o trono [da Santíssima Trindade].

“O amor de Deus penetra no coração do homem e repara os erros ininterruptamente cometidos pela humanidade pecadora” (AeD, vol.4, nº3640-42)

Em 16 de julho de 1942 “Quando, no Ofertório, eu já havia lavado as mãos, fui vestido por uma mão invisível, com uma vestimenta branca que me cobriu totalmente. Deus devolve a inocência, se ela for perdida” (AeD, vol.4, nº3917)





O insulto me partiu o coração. Eu procurei quem me consolasse e não encontrei Salmo 68, 21-22


Fonte: “Autobiografia e Diário do Padre Reus”, editora Unisinos – Livraria e Editora Pe. Reus, Porto Alegre, 1999, 5 volumes. Fundamentamos estes posts nos cinco volumes desta autobiografia, que citaremos por brevidade como AeD. Em caso de recorrermos a outra fonte, faremos menção completa dela.



ANTÍFONA: O INSULTO ME PARTIU O CORAÇÃO;
NÃO SUPORTEI, DESFALECI DE TANTA DOR!
EU ESPEREI QUE ALGUÉM DE MIM TIVESSE PENA,
MAS FOI EM VÃO, POIS A NINGUÉM PUDE ENCONTRAR;
PROCUREI QUEM ME ALIVIASSE E NÃO ACHEI!

DERAM-ME FEL COMO SE FOSSE UM ALIMENTO,
EM MINHA SEDE OFERECERAM-ME VINAGRE!

1. SALVAI-ME, Ó MEU DEUS, PORQUE AS ÁGUAS
ATÉ O MEU PESCOÇO JÁ CHEGARAM!
DERAM-ME FEL COMO SE FOSSE UM ALIMENTO,
EM MINHA SEDE OFERECERAM-ME VINAGRE!

2. FALAM DE MIM OS QUE SE ASSENTAM JUNTO ÀS PORTAS,
SOU MOTIVO DE CANÇÕES, ATÉ DE BÊBADOS!
DERAM-ME FEL COMO SE FOSSE UM ALIMENTO,
EM MINHA SEDE OFERECERAM-ME VINAGRE!

3. POR ISSO ELEVO PARA VÓS MINHA ORAÇÃO,
NESTE TEMPO FAVORÁVEL, SENHOR DEUS!
DERAM-ME FEL COMO SE FOSSE UM ALIMENTO,
EM MINHA SEDE OFERECERAM-ME VINAGRE!

4. RESPONDEI-ME PELO VOSSO IMENSO AMOR,
PELA VOSSA SALVAÇÃO QUE NUNCA FALHA!
DERAM-ME FEL COMO SE FOSSE UM ALIMENTO,
EM MINHA SEDE OFERECERAM-ME VINAGRE!


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