segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Profundas concordâncias entre a Medalha Milagrosa e La Salette

Placa na Rue du Bac no local onde Nossa Senhora deu a Medalha Milagrosa
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Entre as aparições de Nossa Senhora da Medalha Milagrosa (1830) e a de Nossa Senhora de La Salette (1846) há uma concordância profunda.

A ponto de uma ser a continuidade da outra não só no tempo (1830 Rue du Bac e 18 anos depois La Salette) mas na substância da mensagem contida nas duas manifestações mariais.

Com efeito, as duas fazem parte de uma sucessão concatenada de aparições que incluem a de Nossa Senhora de Lourdes (1858) e a de Nossa Senhora de Fátima (1917), para citar as principais.

Na Rue du Bac Nossa Senhora fez um primeiro anúncio dos graves castigos que viriam sobre a humanidade pecadora se essa não abandonava os maus costumes e fazia penitência.

Em La Salette, Nossa Senhora aprofundou ainda mais o anúncio que tinha feito em Paris, dando abundantes pormenores. Agiu como uma mãe que de início adverte seu filho que anda mal com palavras breves mas que tocam no punto. Assim foi na Rue du Bac.

Depois quando o filho persiste na via da perdição, a mãe aperta os termos num arrazoado longo e exaustivo para tentar salvá-lo.

Vejamos como foi esse aviso inicial na Rue du Bac.



Primeira aparição: Nossa Senhora mostra que o mundo caminha para um desastre

Santa Catarina Labouré, no dia 21 de abril de 1830, transpôs os umbrais do noviciado das Filhas da Caridade, na Rue du Bac, em Paris.

Santa Catarina Labouré aos pés de Nossa Senhora
Santa Catarina Labouré aos pés de Nossa Senhora, na Rue du Bac, Paris
Ela chegou, sem sabê-lo, conduzida pela mão de São Vicente de Paula.

Na noite anterior ao dia da festa de São Vicente, 19 de julho, Catarina ouviu uma voz que a acordava. Assim contou ela:

“Enfim, às onze e meia da noite, ouvi que me chamavam pelo nome: ‘Minha irmã! Minha irmã!’

“Acordando, corro a cortina e vejo um menino de quatro a cinco anos vestido de branco que me diz: ‘Vinde à Capela; a Santíssima Virgem vos espera’.

“Vesti-me depressa e me dirigi para o lado do menino que permanecera de pé. Eu o segui, sempre à minha esquerda.

“Por todos os lugares onde passávamos, as luzes estavam acesas, o que me espantava muito.

“Porém, muito mais surpresa fiquei quando entrei na Capela: a porta se abriu mal o menino a tocou com a ponta do dedo.

“E minha surpresa foi ainda mais completa quando vi todas as velas e castiçais acesos, o que me recordava a missa de meia-noite ....

“Por fim, chegou a hora. O menino mo preveniu: ‘Eis a Santíssima Virgem: ei-La’.

“Eu ouvi como um frufru de vestido de seda, que vinha do lado da tribuna, perto do quadro de São José, e que pousava sobre os degraus do altar, do lado do Evangelho, sobre uma cadeira igual à de Sant'Ana ...

“Nesse momento, olhando para a Santíssima Virgem, dei um salto para junto dEla, pondo-me de joelhos sobre os degraus do altar e com as mãos apoiadas sobre os joelhos da Santíssima Virgem...”

Altar da aparição e cadeira onde Nossa Senhora sentou, na capela da Rue du Bac, Paris
Altar da aparição e cadeira onde Nossa Senhora sentou, na capela da Rue du Bac, Paris

Na Rue du Bac e em La Salette sobressai a naturalidade com que Nossa Senhora se faz presente. Nos dois casos, Ela procura almas retas do  povinho. É o caso também de Lourdes e Fátima.

Como que dando a entender que essas almas quase não se encontravam nas classes elevadas que Ela, entretanto não podia deixar de amar, sendo Ela princesa da Casa de David.

“Ali se passou o momento mais doce de minha vida. Ser-me-ia impossível exprimir tudo o que senti. Ela disse: .... ‘Minha filha, o bom Deus quer encarregar-vos de uma missão.

“Tereis muito que sofrer, mas superareis estes sofrimentos pensando que o fareis para a glória do bom Deus ... Sereis contraditada, mas tereis a graça; não temais … Sereis inspirada em vossas orações...

“Os tempos são muito maus, calamidades virão precipitar-se sobre a França. O trono será derrubado.

“O mundo inteiro será transtornado por males de toda ordem. (Ao dizer isto, a Santíssima Virgem tinha um ar muito penalizado).

“Mas vinde ao pé deste altar: aí as graças serão derramadas... sobre todas as pessoas, grandes pequenas, particularmente sobre aquelas que as pedirem...

“O perigo será grande, entretanto não temais, o bom Deus e São Vicente protegerão a comunidade’”.

Na Rue du Bac e em La Salette, Nossa Senhora age do mesmo modo: tranquiliza os videntes intrigados com o que estavam vendo.

E com simplicidade lhes comunica que estão encarregados de uma missão da parte do Altíssimo.

E sem sobressaltos, mas sem transição lhes faz entender que deverão sofrer muito no cumprimento dessa missão.

E a causa é diretamente formulada: “O mundo inteiro será transtornado por males de toda ordem”.

Em La Salette, a Mãe de Deus, como dizemos acima, falou com mais extensão e gravidade do mesmo problema:

“Deus vai golpear de modo inaudito. Ai dos habitantes da Terra. Deus vai esgotar sua cólera, e ninguém poderá fugir a tantos males acumulados.

“Os chefes, os condutores do povo de Deus negligenciaram a oração e a penitência. E o demônio obscureceu suas inteligências.

“Os sacerdotes, ministros de meu Filho, pela sua má vida, sua irreverência e impiedade na celebração dos santos mistérios, pelo amor do dinheiro, das honrarias e dos prazeres, tornaram-se cloacas de impureza”.

Voltando à Rue du Bac, Nossa Senhora também foca a decadência nas ordens religiosas:

“Minha filha, eu gosto de derramar graças sobre a comunidade em particular. Eu a aprecio muito.

“Sofro porque há grandes abusos na regularidade.

“As Regras não são observadas. Há grande relaxamento nas duas comunidades.

Corpo de Santa Catarina Labouré na Capela da rue du Bac, Paris
Corpo de Santa Catarina Labouré na Capela da rue du Bac, Paris
“Dizei-o àquele que está encarregado de uma maneira particular da comunidade. Ele deve fazer tudo o que lhe for possível para repor a regra em vigor.

“Dizei-lhe, de minha parte, que vigie sobre as más leituras, as perdas de tempo e as visitas...

“Conhecereis minha visita e a proteção de Deus e de São Vicente sobre as duas comunidades. Mas não se dará o mesmo com outras congregações”.

A mesma advertência mas com os tons mais carregados pela dor é pronunciada em La Salette:

“Os pecados das pessoas consagradas a Deus bradam ao Céu e clamam por vingança. E eis que a vingança está às suas portas, pois não se encontra mais uma pessoa a implorar misericórdia e perdão para o povo.

“Eles abolirão a fé pouco a pouco, até nas pessoas consagradas a Deus. Eles as cegarão de tal maneira que, salvo uma graça particular, adquirirão o espírito desses maus anjos.

“Várias casas religiosas perderão inteiramente a fé e perderão muitas almas.

“Os maus livros abundarão sobre a Terra, e os espíritos das trevas espalharão por toda parte um relaxamento universal em tudo o que se refere ao serviço de Deus”.

Prosseguindo com as palavras de Nossa senhora a Santa Catarina Labouré em Paris, eis que Ela avisou:

“Haverá vítimas (ao dizer isto, a Santíssima Virgem tinha lágrimas nos olhos). Para o Clero de Paris haverá vítimas: Monsenhor, o Arcebispo (a esta palavra, lágrimas de novo).

Comunistas fuzilam o arcebispo de Paris Mons. Georges Darboy (1813 – 24.5.1871).
O prelado foi visitado pelo vidente Maximin de La Salette
quem da parte de Na. Sra. o advertiu do destino que teria.
Ele achou exagerado e comentou gracejando como algo impossível.
“Minha filha, a Cruz será desprezada e derrubada por terra. O sangue correrá.

“Abrir-se-á de novo o lado de Nosso Senhor. As ruas estarão cheias de sangue.

“Monsenhor, o Arcebispo será despojado de suas vestes (aqui Santíssima Virgem não podia mais falar o sofrimento estava estampado em sua face).

“Minha filha – me dizia ela – o mundo todo estará na tristeza.

“A estas palavras, pensei quando isto se daria. Eu compreendi muito bem: quarenta anos”, contou Santa Catarina.

De fato, em março de 1871, após se cumprirem os quarenta anos da aparição, na mesma cidade, estourou a primeira grande revolução comunista da História: a Comuna de Paris. O arcebispo de Paris Mons. Georges Darboy (1813-71) foi fuzilado pelos revolucionários.

Muitos outros religiosos foram martirizados, e inúmeras igrejas e palácios incendiados. E foi apenas o começo da Revolução Comunista.

Em 1917, o comunismo acabou tomando conta da Rússia desde onde espalhou seu erros pelo mundo, como Nossa Senhora advertiu em Fátima.
E, mais uma vez, encontramos em La Salette a mesma tremenda profecia:

“A França, a Itália, a Espanha e a Inglaterra estarão em guerra. O sangue correrá nas ruas, o francês combaterá contra o francês, o italiano contra o italiano.

“A seguir haverá uma guerra geral, que será horrorosa. Durante certo tempo Deus não se lembrará mais da França nem da Itália, porque o Evangelho de Jesus Cristo não será mais conhecido.

“Os maus estenderão toda sua malícia. Até nas casas as pessoas matar-se-ão e massacrar-se-ão mutuamente”.

(Continua no próximo post: A Medalha Milagrosa: arma eficaz de Nossa Senhora nas horas mais difíceis)


Hoje, 27 de novembro, é a festa da Medalha Milagrosa.

Conheça sua história e seus milagres.

Como Nossa Senhora deu a Medalha Milagrosa a Santa Catarina Labouré, na rue du Bac, em 1830.

A portentosa conversão do hebreu Ratisbonne por intermédio da Medalha Milagrosa.

Clique em algum dos links abaixo para saber mais:

Medalha Milagrosa: em 1830 Nossa Senhora deu um sinal eficaz de sua ajuda

Na segunda aparição Nossa Senhora deu a Medalha Milagrosa

Na festa da Medalha milagrosa: aparições a Santa Catarina Labouré

Nossa Senhora das Graças e a conversão do hebreu Ratisbonne (1)

Nossa Senhora das Graças e a conversão do hebreu Ratisbonne (2)

Nossa Senhora das Graças e a conversão do hebreu Ratisbonne (3)

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