Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
No século XIX, nova visão confirma o anúncio
Mas também estes outros manuscritos caíram no esquecimento. Em boa parte devido às perseguições religiosas, que por duas vezes fecharam o convento das dominicanas de Alba.
E assim transcorreram mais dois séculos. Até que em 1855 (No original, ora consta 1885, ora 1855) a então Abadessa Benedita Deogratias Ghibellini,
“recebeu a revelação, de uma alma santa, do conteúdo daquela crônica desaparecida e o confiou verbalmente à sua sucessora, com a obrigação de transmiti-la, sempre em segredo e não publicamente, até que se tenha verificado cada coisa”. (Documento 3)
Em 22 de maio de 1923, a Priora Madre Stefana Mattei comunicou o segredo a Soror Lúcia Mantello. Esta fez um breve estágio nas dominicanas antes de se tornar religiosa salesiana.
Ela não teve em mãos os antigos documentos, e apenas transcreveu esta outra revelação transmitida por cada abadessa à sua sucessora, e que fazia referência às crônicas que estavam desaparecidas.
Nos apontamentos esquemáticos da irmã Lúcia, lê-se:
“Uma antiquíssima crônica do Mosteiro narrava a visão de Soror Filipina dei Storgi [...].
“Soror Filipina moribunda (16 outubro 1454) tem uma visão (a Beata e as freiras estão presentes) [...].
“Personagens da visão: Nossa Senhora do Rosário, São Domingos, Santa Catarina de Siena, o Beato Umberto, o abade Guilherme de Sabóia-Acaia: todos vêm ao encontro. Depois, após uma interrupção, um olhar no futuro: [...] Umberto II no exílio em Portugal; [...]
“Nossa Senhora de Fátima salvará a humanidade [...]. Amém!” (Documento 3)
Quando os documentos de séculos anteriores foram reencontrados, a concordância entre eles serviu de preciosa prova recíproca da autenticidade de ambas as revelações.
Confirmações posteriores do triunfo da Virgem
Os documentos que aqui analisamos dão uma ideia da imensidade do plano que a Providência tem a respeito de Fátima. Iniciou esse plano por ocasião da fundação do Reino de Portugal, e o foi preparando ao longo dos séculos.
Além do mais, foi comunicando-o a certas almas muito queridas por Maria Santíssima. Elas ficaram como testemunhas, para nos reconfortar neste tempo do auge da tribulação.
E nos dizem, através de uma narração providencial, que no final, contra todas as aparências em sentido contrário, o maligno será derrotado e Nossa Senhora triunfará!
Hoje, o “monstro do Oriente, tribulação da humanidade”, revelado a Soror Filipina, desencadeia suas mais “terríveis guerras”.
Com efeito, no Ocidente os “erros da Rússia” causam revoluções, lutas de classe, invasões de toda espécie; e a onda de imoralidade e irreligião que devasta as sociedades, a família, a cultura e até a ordem eclesiástica.
O mesmo Islã, que na região de Fátima fora esmagado, volta agora com furor redobrado pela ação do vírus revolucionário.
Porém, quanto mais iminente parece a instauração do caos final, contra toda verossimilhança humana e natural dar-se-á a vitória do Imaculado Coração de Maria, conforme a promessa de Nossa Senhora em Fátima, em 1917.
Dela participarão os homens que, tocados pela graça, fizerem penitência e tenham uma grande conversão.
Admirável entrelaçamento de fatos históricos
Catedral de Alba, cidade das visões |
Os dois trilharam a via da penitência, em meio aos acontecimentos mais inverossímeis. No fim, os inverossímeis, aceitos com coração contrito e humilhado, deram num superior acerto.
Os fatos históricos ligados ao local escolhido por Nossa Senhora apresentam-nos um ideal de devoção a Ela e de excelência de Civilização Cristã, sob o signo da Cruz e da espada.
Fátima é terra de eleição da Virgem Santíssima e, por isso mesmo, terra de cruzada.
Tendo esse panorama histórico como fundo de quadro, compreende-se que a penitência e a conversão colocarão a humanidade arrependida na trilha dos séculos de fé e de heroísmo em que Fátima nasceu.
Ou seja, uma época na qual um São Bernardo pregava as excelsitudes de Maria e exortava ardentemente à cruzada; em que um D. Afonso Henriques, nobres e templários conduziam à vitória o estandarte da Cruz, derrotando a então soberba islâmica.
E mais tarde seus sucessores, atravessando os oceanos, aportaram com o estandarte da Cruz, estampado nas velas de suas embarcações, em lugares distantes como o Brasil, cujo primeiro nome foi Terra de Santa Cruz.
Fim
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