Afonso Ratisbonne tornou-se sacerdote e apóstolo da conversão dos judeus |
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Ao deixar o Padre Villefort, fomos dar graças a Deus, em primeiro lugar em Santa Maria Maggiore, nossa cara basílica da Santíssima Virgem, e depois na de São Pedro.
É impossível transmitir uma ideia do transporte de Ratisbonne quando esteve nessas igrejas.
“Ah”, dizia ele, apertando minhas mãos, “agora eu entendo o amor dos católicos por suas igrejas, e a devoção que os leva a embelezá-las e adorná-las!
“Como é bom estar aqui! Querer-se-ia nunca deixá-las! Aqui não estamos mais na terra, é o vestíbulo do céu ...”
Diante do altar do Santíssimo Sacramento, a Presença Real de Jesus o impressionava de tal maneira que ele ficaria quase fora de si se não fosse afastado logo e levado para longe.
Ficava aterrorizado pela ideia de comparecer perante o Deus vivo maculado como estava pelo pecado original. Apressou-se a se refugiar na capela da Virgem.
‒ “Aqui”, ele me disse: “não posso ter medo. Sinto-me sob a proteção de uma misericórdia ilimitada”.
Ele rezou com grande fervor diante do túmulo dos santos Apóstolos.
A história da conversão de Paulo, que eu lhe narrei, o fez derramar lágrimas abundantes.
Ele ficou admirado pelo poderoso afeto, aliás póstumo, para usar sua própria expressão, que o unia a M. de Laferronnays, e pretendia passar a noite ao lado de seus restos mortais, pois, dizia ele, este era seu dever imposto pela gratidão.
Mas o padre Villefort, vendo que ele estava exausto de fadiga, contrariando este desejo piedoso, aconselhou-o prudentemente a não permanecer além das 22 horas.
Em seguida, Ratisbonne nos disse que na noite anterior não havia sido capaz de dormir, que ele tinha sempre diante dos olhos uma grande cruz, de uma forma peculiar, sem a imagem de Cristo que ficava constantemente diante dele.
‒ “Eu fiz”, disse ele, “esforços incríveis para afastar essa visão, mas todos foram infrutíferos”.
Algumas horas depois, observando casualmente o reverso da Medalha Milagrosa, ele reconheceu a mesma Cruz!
Afonso (em pé) e seu irmão Teodoro, sacerdotes |
Eu levava notícias consoladoras para eles no momento em que se despediam dos restos venerados daquele que eles choravam.
Entrei na câmara mortuária em um estado de agitação, quase se poderia dizer de alegria, que chamou a atenção de todos os presentes porque compreenderam que eu tinha algo gravemente importante para comunicar.
Todos eles me acompanharam até uma sala adjacente, e eu às pressas relatei o acontecimento.
Eu tinha trazido boas novas do Céu.
As lágrimas de dor em um momento foram transformadas em lágrimas de gratidão.
Aqueles pobres corações aflitos podiam agora suportar com perfeita resignação cristã o mais cruel dos sacrifícios que cobra a morte, o último adeus aos restos daquele que eles tinham amado...
Mas eu estava ansioso para voltar a ver o filho que o Céu tinha acabado de me dar. Ele me implorou para não deixá-lo sozinho porque precisava de um amigo em cujo coração derramar as profundas emoções daquele dia.
Igreja do Miracolo Sant'Andrea delle Frate, Roma |
Ele próprio não sabia explicar como ele passou do lado direito da igreja para a capela que está à esquerda, sendo que entre a capela e o local onde estava se encontravam os preparativos para o serviço fúnebre.
Tudo o que ele sabia era que se viu de repente de joelhos, prostrado diante desse altar.
De início, ele pôde ver claramente a Rainha do Céu em todo o esplendor de sua beleza imaculada, mas seu olhar não conseguiu suportar o brilho daquela luz divina.
Busto no local da conversão. |
‒ “Ó meu Deus”, exclamou ele, “mas eu, que meia hora antes estava blasfemando ainda! Eu, que sentia um ódio tão violento contra a religião católica!...
“Mas todos os que me conhecem sabem muito bem que, humanamente falando, eu tinha os mais soberbos motivos para continuar a ser um judeu...
“Minha família é judaica, minha noiva é judia, meu tio é um judeu...
“Ao me tornar católico, eu rompo com todos os interesses e todas as esperanças que tenho na terra e, entretanto, eu não sou louco, vê-se claramente que eu não sou louco, que eu nunca fui louco!
“Portanto, devem acreditar em meu testemunho”.
(Fonte: Theodore de Bussières, “La conversione di Alfonso Maria ratisbonne”, Ed. Amicizia Cristiana, 2008, Chieti, 63 p., páginas 18-25.)
Vídeo: Igreja onde se converteu o hebreu Ratisbona
Nenhum comentário:
Postar um comentário