segunda-feira, 14 de fevereiro de 2022

O Pe. Reus e a revolução religiosa crepitando no Brasil

O Pe. Reus, jovem sacerdote
O Pe. Reus, jovem sacerdote
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Continuação do post anterior: Pe. Reus: um santo para curar a crise litúrgica católica



Já nos anos ’30 o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira via entrar nos ambientes católicos brasileiros um movimento revolucionário vindo da Europa que se desenvolvia também na liturgia.

Segundo esse a ordem hierárquica da Igreja ia ser superada pela vivência de um conceito igualitário, comunitário, como depois foi encarnado pelas subversivas e hoje quase extintas CEBs, e recuperado no conceito de “sinodalização”.

Tratava-se da penetração dos erros democráticos igualitários que infestavam as sociedades e os novos governos derivados da anticristã Revolução Francesa.

O santo Papa Pio X havia fulminado esses erros condenando o movimento francês Le Sillon que os tinha adotado se dizendo permanecer católico.
Foi uma explosão de igualitarismo que perdura até nossos dias.

Nessa deformação da Igreja eram nivelados não só os sacerdotes, religiosos e religiosas, mas também os simples fiéis, porque a comunidade seria a sede de um sacerdócio coletivo “profético”.

Nessa visão, o Povo de Deus seria canal de uma inspiração de caráter mágico-pentecostalista.

Essa inspiração forneceria a voz decisiva para governar a Igreja e não mais a sagrada hierarquia, e substituiria o sacerdócio sacrifical pela comemoração comunitária. Algo parecido ao gosto protestante.

Ainda não se praticavam os abusos que depois vieram. Mas tendencialmente tudo encaminhava para isso
Ainda não se praticavam os abusos que depois vieram.
Mas tendencialmente tudo encaminhava para isso
Uma das consequências seria um governo da Igreja autogestionado por esses pequenos grupos ou comunidades mágico-pentecostalistas se governando a si próprias em virtude de uma iluminação que não se sabia de onde emergia, mas que eles atribuíam ao ‘Espírito’.

Eles seriam assistidos por um fluxo que circula entre eles e que lhes inspira as decisões. Essa vontade coletiva eles comunicam ‘sinodalmente’ ao Bispo e esse deve acabar aprovando-a.

E o bispo deve reconhecer as inspirações dos pequenos governos autogestionários iluminados, e dizer o que quer o deus.

E desses pequenos grupos nasce o novo magistério popular não mais hierárquico. As próprias Sagradas Escrituras seriam reescritas e interpretadas pela experiência das comunidades.

Deus está imanente na base, na movimentação geral e nas nuvens de bispos e/ou gurus. Até determinar o que o Papa deveria aprovar o reprovar.

Nesse sistema, a comunidade de base sinodal seria depositária de uma energia que já nos tempos da Ação Católica os cristãos mais compenetrados da nova teologia chamavam de o Cristo.

Dr. Plinio via que nos leigos da Ação Católica que aderiam a essa tendência litúrgica, se sentiam autorizados a agir segundo uma moral nova que desconhecia a antiga.

Podiam assim frequentar boates e danceterias preâmbulos das casas de perdição.

Sendo verdadeira essa “teologia” não podia deixar de penetrar a Santa Liturgia. Assim – de início clandestinamente – se foi criando o ambiente para uma missa nova.

As formas rituais passavam a refletir a visão comunitária oposta ao monarquismo da Missa milenar instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo e séculos depois, regulamentada pelo Papa São Pio V.

Nas décadas em que o Dr. Plinio batalhou na Ação Católica, ele percebia que essa “teologia” entrava não só trazida por alguns católicos que iam se formar em centros universitários católicos de avançada na Europa.

Enquanto os missionários levavam a Fé e a civilização aos confins do Brasil,
da Europa chegava uma subversão eclesial e litúrgica.
Foto Missão Salesiana de Tapurucuara. Prelazia do Rio Negro. Amazonas
E, como não podia deixar de ser, foi impregnando alguns eclesiásticos que iam se formar sobretudo em abadias beneditinas europeias que estavam na dianteira do “movimento liturgicista”.

O Dr. Plinio combateu esse erro na direção da Ação Católica, no hoje histórico livro “Em Defesa da Ação Católica” e desde as páginas do jornal “O Legionário” (hoje renomeado “O São Paulo”), em toda a medida que permitia sua condição de leigo, simples fiel.

Nessa época não se aceitava que o simples fiel se imiscuísse nas questões litúrgicas, obviamente reservadas aos sacerdotes.

Mas o Prof. Plinio ouvia os ecos de comentários heterodoxos e até de “missas” celebradas em novo estilo em volta de uma mesa.

Plinio Corrêa de Oliveira

As circunstâncias da vida não permitiram o encontro do Pe. Reus e do Dr. Plinio, embora fossem contemporâneos.

O líder católico paulista, anti-progressista e anti-liturgicista, comentou:

“Ou eu me engano enormemente ou o Padre João Batista Reus SJ foi um grande santo”, narrou ele lembrando do tempo em que o Pe. Reus SJ era professor de liturgia no seminário de São Leopoldo, RS, e o Dr. Plinio era presidente da Junta Arquidiocesana da Ação Católica em São Paulo.

“Eu fui largamente contemporâneo dele. Ele era mais velho que eu, mas quando ele morreu eu já era homem feito. (...) eu tenho uma relíquia indireta dele, um pano que tocou nele.

“Eu osculo metodicamente cada uma das minhas relíquias, diariamente, e quando chega a vez da do padre Reus, eu osculo com uma particular piedade”. (Testemunho de Plinio Corrêa de Oliveira, 12/6/82. Sem revisão do autor)

“Não há gente nossa que vá ao Rio Grande do Sul que eu não recomende de ir à sepultura dele”. (Plinio Corrêa de Oliveira, anotações de 9/12/93)

“Ele estava vivo no tempo daquelas minhas encrencas com o Dom José [Gaspar Fonseca e Silva]. Quando o Dom José morreu, o Pe. Reus teria tido este comentário: ‘tocou no filho e a Mãe matou’” (anotações, 18/8/92 b).
Numa página de Facebook encontramos este eloquente comentário-testemunho assinado pelo perfil Maria Regina.

“Meu pai teve uma fase longa de ateísmo quando até debochava de coisas de religião e tudo o que não fosse absolutamente racional.

“Porém mesmo naquela época de ateísmo meio fanático se alguém introduzia o assunto padre Reus na conversa ele sempre, mesmo sem nenhuma devoção religiosa, sempre testemunhava que quando criança e jovem com frequência o padre Reus participava das missas no colégio Anchieta onde ele estudava...

“e nessas missas quando o padre Reus ficava absorto em oração ou meditação da missa, começava a levitar, com frequência via-se ele levitando a quase meio metro acima do chão.

“Ele contava que com frequência algum padre cutucava o padre Reus para que percebesse a levitação e retornasse a pisar o pé no chão...

“e que os padres jesuítas não permitiam que os estudantes usassem essas situações como espetáculos circenses...

“se algum dos alunos começasse a pôr atenção na levitação do padre, vinha outro perguntando ‘tá olhando O QUE?’

“Para que cada um imediatamente se concentrasse em sua própria oração e não ficassem se distraindo ou constrangendo o padre Reus”.

Deixamos constância de nossa perplexidade diante dessa reação dos outros sacerdotes, e passamos adiante.





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