segunda-feira, 11 de maio de 2020

Fátima 13 de maio, e a epidemia em “muitos matrimônios que não são de Deus”

Santa Jacinta Marto: “muitos matrimônios não são bons, não agradam a Nosso Senhor e não são de Deus”,
Santa Jacinta Marto: “muitos matrimônios não são bons,
não agradam a Nosso Senhor e não são de Deus”
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Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs






Quando em 13 de maio de 1917, Nossa Senhora em Fátima veio a alertar o mundo para a necessidade de reverter a decadência dos costumes por meio da penitência, sob pena de grandes castigos, sem dúvida ninguém pensou no coronavírus ou em algo parecido.

Dois anos depois, Jacinta – a mais nova dos videntes, hoje canonizada – disse que “muitos matrimônios não são bons, não agradam a Nosso Senhor e não são de Deus”, segundo registraram seus historiadores Pe. João de Marchi e William Thomas Walsh. Tampouco havia condições de perceber o que hoje está acontecendo.

Agora há uma coincidência da pandemia com as explosões vulcânicas no “anel de fogo do Pacífico”, onde o vulcão Anak Krakatoa entrou em aterradora convulsão acompanhado por mais 13 vulcões menores da Indonésia e pelos gigantes Popocatéptl do México e o Volcán de Fuego, da Guatemala.

Somou-se as passagens, uma remota outra muito próxima, de inquietantes asteroides e a multiplicação das ameaças recíprocas de usar armas atômicas por parte de Putin e Trump.

Isso fez a algum leitor achar que o contexto universal parece com a abertura dos sete selos de que fala o Apocalipse.

Não ousamos ir tão longe. Mas sim pensamos nas palavras de Nossa Senhora em Fátima na primeira de suas aparições:

“Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores?”

E ainda: “Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto”.

Hoje é evidente e não é necessário demonstrá-lo, há razões demais para sofrer em “ato de reparação pelos pecados com que Deus é ofendido”

Porque a instituição da família foi sendo abalada cada vez mais a fundo beirando uma explosão que é muito mais grave do que de qualquer bomba, vulcão ou asteroide.

As famílias não constituídas segundo Deus atraem males maiores dos que os desastres naturais
As famílias não constituídas segundo Deus atraem males maiores dos que os desastres naturais
O abandono dos bons costumes familiares, seja os morais e religiosos, seja os culturais tradicionais desceu até onde não se podia imaginar em 1917 quando Nossa Senhora apareceu.

A epidemia do coronavírus pegou o mundo de surpresa. As autoridades em quase em todo o mundo – com ou sem fundamento – estabeleceram isolamentos mais ou menos rigorosos.

Os poderes da Terra religiosos e civis desde o Papa Francisco até um humilde prefeito do interior impuseram: “Fique em casa”.

No mundo católico de outrora ficar em casa era uma ocasião de repouso, harmonia, distensão e até alegria. A família estar reunida era um consolo. E as famílias se conheciam, visitavam, ajudavam e partilhavam esse bem-estar.

Mas, hoje onde está a família? O “fique em casa” onde não há famílias como as que mencionamos, está gerando uma situação kafka em muitos endereços – deveríamos dizer lares.

Na França e em especial em Paris, em “muitos matrimônios que não são de Deus”, a que se referiu o jornalista Gilles Lapouge, a imposição sanitária equivaleu a encurralar conjuntos heterogêneos com  consequências psiquiátricas tal vez piores que o da epidemia viral.

Grupos humanos que não são “matrimônios de Deus”, ficaram “condenados de repente a mostrar o reverso tenebroso de suas vidas”.

O Masschusetts Institute of Technology assim ilustrou o horizonte de crises mentais criadas pelo confinamento
O Masschusetts Institute of Technology assim ilustrou
o horizonte de crises mentais criadas pelo confinamento
O jornalista cita muitos exemplos da França. Um deles de nome Clara disse: “Droga! Tenho a impressão de ter sido condenada a minha vida toda”.


Uma estudante de 22 anos estrebuchou: “como suportar uma aproximação forçada com pessoas das quais procuro fugir há anos”.

Seis irmãs vítimas do pessimismo explicitaram seu estado nervoso psicológico dizendo: “estar encurralado com os pais! É possível imaginar?”

Para outra jovem, participar numa vida sem laços deveras familiares por ordem da autoridade pública é um suplício.

Na Franca, se promovem encontros dos aflitos por esta situação visando desabafar e dizer o que não se pode durante o “fique em casa”.

Uma jovem descobriu – segundo ela – que seus pais são violentamente racistas.

Também toda espécie de “fake news” que numa família respeitável de outrora os pais não passariam aos filhos... “Nos primeiros dias tentei explicar para eles que os estrangeiros não são uns delinquentes”, explicou a jovem... “Eu não suporto. Corto logo”.

Onde há família direita e o catolicismo é levado a sério, todas as formas de bem são possíveis. Procissão do Santissimo Sacramento para os doentes. Ferdinand Georg Waldmüller (1793 - 1865)
Onde há família direita e catolicismo sério, todas as formas de bem são possíveis.
Procissão do Santissimo Sacramento para os doentes.
Ferdinand Georg Waldmüller (1793 - 1865)
Outra irmã que teve que morar com os pais com o isolamento forçoso descobriu ‘a face sombria deles’. “Cada discussão com meu pai, disse, me dá vontade de pôr um ponto final com tudo”.

O que pode resultar de esse confinamento forçado da família onde não há mais família, não há matrimonio na igreja, “pai” e “mãe” resultam de uma enésima combinação e os filhos de alguma dessas?

Teme-se muito que problemas psicológico familiares do mesmo gênero venham a eclodir em grande número nos EUA. Cfr. “Morte, incerteza e isolamento criam uma crise de saúde mental nos EUA”.

E, infelizmente, também no Brasil. Cfr.: “O pior da pandemia se dará na saúde mental”.

O grande jornal parisiense Le Monde foi ver o que está acontecendo na Índia.

O país tem uma população de perto de 1,4 bilhão de habitantes, onde os hindus são perto de 80%, os muçulmanos por volta de 14%, subdivididos em diversas seitas e completados por religiões muito minoritárias.

Veneração de imagem de São João Neopomuceno, Ferdinand Georg Waldmüller (1793 – 1865).
Veneração de imagem de São João Neopomuceno,
Ferdinand Georg Waldmüller (1793 – 1865).
Acontece que especialmente entre hinduístas e muçulmanos há um ódio acumulado de séculos que degenerou em morticínios de massa, sem se falar das lutas entre seitas de ambos grupos. A doçura do relacionamento católico é desconhecida.

Enquanto esses indianos estavam ocupados pelo trabalho e pela procura do lucro não havia muita ocasião para vinganças de vulto. Mas tudo parando, as pilhas que acumulam ódios de séculos ficaram carregando e se vendo as caras.

Le Monde então produziu uma reportagem sobre a capital Nova Délhi intitulada: “Na Índia, o vírus do ódio”.

As autoridades nacionalistas hindus, transmite Lapouge, espalham que os muçulmanos foram decisivos para propagar a epidemia sem se saber com base no que.

Em Nova Délhi, as acusações se concentram contra o enclave muçulmano Talblighi Jammat, que reuniu um congresso religioso com peregrinos de todas as partes, os quais, “é evidente”, trouxeram o vírus.

Falsos vídeos na internet mostram entregadores muçulmanos escarrando na comida para infectá-la.

Lapouge não escreve, mas um temor análogo se espalha a respeito da própria Franca e da Europa.

O continente recebeu imprudentemente imigrações massivas, compostas em grande número de muçulmanos cujas seitas professam ódios jurados multisseculares contra os cristãos ou entre si, de animistas africanos, etc.

Excetuados alguns punhados de católicos, esses grupos religiosos heterogêneos que não conhecem a caridade cristã não poderão reavivar os conflitos incendiários ou bélicos que vem se alastrando há muito em seus países de origem?

Onde não há família direita e catolicismo sério, todo caos é possível. Detalhe de 'A  tentação de Santo Antônio', Hieronymus Bosch  (1450 — 1516)
Onde não há família direita e catolicismo sério, todo caos é possível.
'A  tentação de Santo Antônio', Hieronymus Bosch  (1450 — 1516)
A História ensina que em pestes, epidemias, febres hemorrágicas, etc., os estrangeiros foram frequentemente culpabilizados, ameaçados ou mortos por ondas de cólera popular, muitas vezes injustas.

Na Provença, os imigrados italianos foram atacados durante uma epidemia de cólera no século XIX, acusados pelo boato de envenenar as nascentes.

O jornalista Gilles Lapouge fala da gestação de uma outra insurreição, a dos velhos rancores, dos racismos, das frustrações.

Um câncer irracional que só se poderia evitar com elites sociais nobres ou assimiladas que irradiassem modelos de moralidade familiar embebida de caridade cristã.

Nossa Senhora em Fátima não foi ouvida. “Muitos matrimônios não são bons, não agradam a Nosso Senhor e não são de Deus”, deplorou a santa Jacinta.

Os costumes morais e religiosos não se reformaram. Nem dos púlpitos mais altos do Vaticano chegaram as exortações indispensavelmente ardorosas e convincentes para chegar aos corações.

Não deve assustar pois que se levante o espantoso espectro contra o qual Nossa Senhora em Fátima veio nos advertir: “os bons serão martirizados, várias nações serão aniquiladas”.


Um comentário:

  1. Infelizmente a situação das famílias no mundo de hoje é muito lamentável! A família perdeu a sua coesão natural. E, a partir daí, os laços familiares se dissolveram em uma sociedade individualista e materialista. Não é à toa que o confinamento nas casas esteja causando problemas de relacionamento entre pais e filhos. De certa forma, isso nos faz pensar na palavras proféticas de Nosso Senhor Jesus Cristo no Evangelho:
    "De agora em diante haverá cinco em uma família, todos divididos uns contra os outros: três contra dois e dois contra três. Estarão em litígio pai contra filho e filho contra pai, mãe contra filha e filha contra mãe, sogra contra nora e nora contra sogra." (Lucas 12,52-53)

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