Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de política internacional, sócio do IPCO, webmaster de diversos blogs |
Neste mês de outubro se celebra o 99º aniversário da sexta e última aparição de Fátima 1917 quando aconteceu o milagre do Sol. No próximo ano se comemorará o centenário.
Sabe-se que Nossa Senhora, falando aos três pastorinhos em Fátima. e, mais tarde, manifestando-se à Irmã Lúcia, prenunciou terríveis castigos para a humanidade.
Não é próprio perguntar se as predições de Fátima se vão realizar, pois elas já se estão realizando, e, de outro lado, depende em grande medida de nós, sustar, ainda a esta altura dos fatos, sua inteira realização.
Cabe aos homens sustar o castigo iminente
Nem podemos compreender como se possa duvidar de que as predições de Fátima se estão realizando.
Pois o fato dominante de nossa vida política, o fato que enche todas as páginas dos jornais, e domina todas as preocupações dos estadistas, é precisamente que “a Rússia está espalhando seus erros” no mundo inteiro, trazendo-o com isto num sobressalto cada vez maior, e criando condições sempre mais propicias para a eclosão do mais terrível conflito da história.
É obvio que neste desassossego geral não cabe só à Rússia toda a culpa.
Pois que, se Moscou consegue fazer circular por todo o orbe seus tóxicos ideológicos, é porque estes tóxicos encontram aceitação.
Isto não obstante, não se pode negar que, se por culpa própria o mundo todo está em condições de combustibilidade, é na fogueira moscovita que os incendiários estão acendendo seus fachos, e é dela que saltam as fagulhas incontáveis que em todos os países vão ateando chamas perigosas.
Além disto, as condições presentes já permitem ver a plausibilidade da parte das previsões ainda não cumprida.
O poder de ação da Rússia sobre todo o globo, para provocar uma crise universal profundíssima, e não apenas as crises mais ou menos superficiais e mais ou menos transitórias atuais, é patente.
Que tudo isto terá de degenerar cedo ou tarde em perseguição ao Santo Padre e à Igreja, é patente também.
Que nas convulsões de uma guerra provocada pela Rússia um cataclismo universal pode atingir a humanidade, também é incontestável.
A pergunta correta, sobre as predições, pois, só pode ser esta: se elas se consumarão, e se cairemos no ultimo horror do que elas fazem antever.
A respeito deste ponto, parece-nos que não se tem chamado suficientemente a atenção sobre o caráter condicional das revelações de Fátima.
Nelas se diz com uma clareza solar que estas coisas sucederão se a humanidade não se emendar de seus pecados, e não fizer penitencia.
Assim, a toda a humanidade e a cada homem em particular cabe a possibilidade de suspender ainda agora o castigo que já está em vias de realização.
É só abandonar o pecado e fazer penitencia. Mas, também, se isto não for feito, não adiantarão festas religiosas, nem orações, nem ansiedades nem pânicos. O castigo virá.
É necessário, pois, que a parte preponderante dos pecadores, se não a mais numerosa, faça uma autentica e seria reforma de vida. O que quer dizer esta expressão?
Que, por amor de Deus, ou pelo menos por temor de sua justiça, os homens execrem o pecado, deixem de o apetecer e de o praticar, e passem a viver segundo os Mandamentos.
Uma das condições essenciais para afastar os castigos é esta. Ela deve, pois, ser enunciada claramente, positivamente, sem arroubos inúteis de oratória, nem disfarces ou atenuações de uma falsa prudência humana.
E por isto quem quiser exercer um apostolado inteiramente no que se poderia chamar a “linha de Fátima”, deve falar claramente contra o erro e o pecado, fazer tudo para que eles sejam odiados e repudiados, e incutir o temor da cólera de Deus em todos, especialmente naqueles a quem o amor não possa mover.
Todas as outras condições postas pela mensagem de Fátima não dependem inteiramente de nós. Mas esta indiscutivelmente depende.
Se ela for preenchida, os castigos não se realizarão. Pois tudo leva a crer que Deus poupará o pecador penitente.
O que mais vale?
Perguntar se os castigos virão, quando virão e como virão, ou trabalhar para que não venham? Trabalhemos, portanto.
E caminhemos serenamente pare o futuro, pois, assim, aconteça o que acontecer, seremos daqueles sobre os quais pousará a mão protetora da Rainha do Céu.
Trabalhemos? Basta isto? Não.
É preciso, além da reforma de vida, e do apostolado, também a oração e a penitência. Devemos mortificar-nos para expiar por nós e pelos outros. Devemos rezar, porque a prece move montanhas.
Com este espirito, e munidos de tais propósitos, poderemos cantar com alegria os louvores da Virgem de Fátima. Pois para nós sua mensagem não terá sido vã.
(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, Catolicismo, nº 77, maio 1957)
Sexta e última aparição de Fátima, outubro 1917
A última aparição de Fátima foi assistida por milhares de pessoas. Uma publicação da época. |
LÚCIA: “Que é que Vossemecê me quer?”
NOSSA SENHORA: “Quero dizer-te que façam aqui uma capela em minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas”.
LÚCIA: “Eu tinha muitas coisas para Lhe pedir. Se curava uns doentes e se convertia uns pecadores...”
NOSSA SENHORA: “Uns sim, outros não. É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados”. E tomando um aspecto triste: “Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido”.
Em seguida, abrindo as mãos, Nossa Senhora fê-las refletir no sol, e enquanto Se elevava, continuava o reflexo da sua própria luz a projetar-se no sol.
Lúcia, nesse momento, exclamou: “Olhem para o sol!”
Três quadros simbólicos dos mistérios do Rosário
Desaparecida Nossa Senhora na imensa distância do firmamento, desenrolaram-se aos olhos dos videntes três quadros, sucessivamente, simbolizando primeiro os mistérios gozosos do Rosário, depois os dolorosos e por fim os gloriosos:
Apareceram, ao lado do sol, São José com o Menino Jesus, e Nossa Senhora do Rosário. Era a Sagrada Família.
A Virgem estava vestida de branco, com um manto azul. São José também se vestia de branco e o Menino Jesus de vermelho claro. São José abençoou a multidão, traçando três vezes o sinal da Cruz. O Menino Jesus fez o mesmo.
Seguiu-se a visão de Nossa Senhora das Dores e de Nosso Senhor acabrunhado de dor no caminho do Calvário.
Nosso Senhor traçou um sinal da Cruz para abençoar o povo. Nossa Senhora não tinha a espada no peito. Lúcia via apenas a parte superior do Corpo de Nosso Senhor.
Finalmente apareceu, numa visão gloriosa, Nossa Senhora do Carmo, coroada Rainha do Céu e da Terra, com o Menino Jesus ao colo.
O milagre do sol
Milhares de presentes viram o Milagre do Sol em 13 de outubro de 1917. |
Chovera durante toda a aparição. Ao encerrar-se o colóquio de Lúcia com Nossa Senhora, no momento em que a Santíssima Virgem Se elevava e que Lúcia gritava “Olhem para o sol!”, as nuvens se entreabriram, deixando ver o sol como um imenso disco de prata.
Brilhava com intensidade jamais vista, mas não cegava. Isto durou apenas um instante.
A imensa bola começou a “bailar”. Qual gigantesca roda de fogo, o sol girava rapidamente.
Parou por certo tempo, para recomeçar, em seguida, a girar sobre si mesmo, vertiginosamente.
Depois seus bordos tornaram-se escarlates e deslizou no céu, como um redemoinho, espargindo chamas vermelhas de fogo.
Essa luz refletia-se no solo, nas árvores, nos arbustos, nas próprias faces das pessoas e nas roupas, tomando tonalidades brilhantes e diferentes cores.
Animado três vezes de um movimento louco, o globo de fogo pareceu tremer, sacudir-se e precipitar-se em zigue-zague sobre a multidão aterrorizada.
Durou tudo uns dez minutos. Finalmente o sol voltou em zigue-zague para o ponto de onde se tinha precipitado, ficando novamente tranquilo e brilhante, com o mesmo fulgor de todos os dias.
O ciclo das aparições havia terminado.
Muitas pessoas notaram que suas roupas, ensopadas pela chuva, tinham secado subitamente.
O milagre do sol foi observado também por numerosas testemunhas situadas fora do local das aparições, até a 40 quilômetros de distância.
(Cfr. II Memória, p. 162; IV Memória, pp. 348 e 350; De Marchi, pp. 165-166; Walsh, pp. 129-131; Ayres da Fonseca, pp. 91-93; Galamba de Oliveira, pp. 95-97, apud (Antônio Augusto Borelli Machado, Fátima, Mensagem de tragédia ou de esperança?, Artpress, São Paulo).