segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Pelo “desditado mundo que pelo ódio e descrença, caiu na desgraça e na miséria”

Padre João Batista Reus SJ (1868-1947)
Padre João Batista Reus SJ (1868-1947)
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Continuação do post anterior: Pe.Reus: certeza dos fenômenos místicos litúrgicos surpreendentes



O espírito moderno banalizou a Santa Comunhão especialissimamente quando desde o Vaticano II se generalizou o mal costume de qualquer um comungar em qualquer estado inclusive no pecado mortal como se a Santa Comunhão fosse a mera partilha de um pão como outros.

Que diabólico erro!

O Pe. Reus nos deixou o exemplo do contrário: na Comunhão recebemos o Santíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo.

E o próprio Deus se encarregou de lhe deixar esta tremenda verdade em evidencia.

Em 11 de setembro de 1942 “na Comunhão ... me vi numa espécie tipo fogo, porém não claro e brilhante como nas outras vezes. Contemplei como que um sol dentro do qual estava a Santíssima Trindade, ...

Santinho piedoso representa o Menino Jesus na Hóstia
Santinho piedoso representa o Menino Jesus na Hóstia
“De repente, percebi que meus braços se moviam lentamente para baixo e que traziam consigo aquele sol com a Santíssima Trindade. Queria resistir, para que o ajudante de Missa não percebesse ... Não consegui.

“Quando este sol celestial chegou mais ou menos ao alcance de minhas mãos, de repente, estava brilhante dentro de mim.

“Este é o efeito da Comunhão numa imagem visível: união com a Divina Majestade” (AeD, vol.4, nº3983)

O valor da Comunhão se estende a todo mundo, mesmo aos setores mais decadentes da humanidade pecadora, insistia o santo jesuíta, afastando a interpretação moderna da partilha comunitária.

Pelo “desditado mundo que caiu na desgraça e na miséria”


No Confiteor da Missa de 9 de outubro de 1942 “ofereci ao Divino Pai o precioso Sacrifício de Jesus Cristo para o desditado mundo, que por causa das guerras, [naquela data a II Guerra Mundial atingia um paroxismo] ódio e descrença, caiu na desgraça e na miséria.

Mais um testemunho de líder católico contemporâneo do Pe. Reus

"Minha Vida Pública":
uma prodigiosa fonte de informação exclusiva
para compreender a história do Brasil e da Igreja

O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira que foi aluno dos jesuítas no Colégio São Luis, na atual avenida Paulista em São Paulo comentou do Pe. Reus:

O Prof. Plinio foi presidente da Junta Arquidiocesana da Ação Católica de São Paulo e manteve estreitas relações com os líderes eclesiásticos e civis católicos do Brasil todo. Tirou da insignificância e dirigiu o jornal “O Legionário” – hoje “O São Paulo” – com difusão nacional.

É uma testemunha privilegiada contemporânea do Pe. Reus e cultivou valiosas amizades com padres jesuítas de São Paulo e também alguns de São Leopoldo.

Pela amizade com alguns noviços ou ex-noviços de São Leopoldo ouviu relatos da vida e dos fenômenos místicos extraordinários do Pe. Reus que corriam de boca em boca.

“Morou e morreu n0 seminário de São Leopoldo, um padre jesuíta de nome Reus, que eu não conheci pessoalmente e que levou uma vida muito apagada em São Leopoldo mas cujo eco não chegou a São Paulo.

“Eu fui largamente contemporâneo dele.

“Ele era mais velho que eu, mas quando ele morreu eu já era homem feito. Mas eu não ouvi falar dele.

“Foi só depois dele morto, aliás um pouco antes de ele morrer, que me falaram dele.

“Quando ele morreu me mostraram a fotografia dele, e ou eu me engano enormemente ou esse padre foi um verdadeiro santo.

“Eu sei que a sepultura dele, que deve ser provavelmente no cemitério de São Leopoldo é visitada continuamente por pessoas que depositam flores, pedem graças, etc., etc. e na minha caixa de relíquias eu tenho uma relíquia indireta dele, um pano que tocou nele.

“Eu osculo metodicamente cada dia uma das minhas relíquias e quando chega a vez do padre Réus eu osculo a dele com uma particular piedade”.

(Anotações de palestra de 12/6/82, sem revisão do Autor)
“Ao rezar: Misereatur vestri – Tenha compaixão de nós, pareceu-me que o Divino Pai derramava a sua misericórdia sobre a dor e a miséria do mundo.

“Na oferta da Hóstia, eu me vi diante do Divino Pai nas alturas, com o mundo em minhas mãos ... o universo em minhas mãos, rodeado de muitos anjos, que envolvem o sacerdote no santo Sacrifício ...

“como se o amável Salvador fizesse pessoalmente o que antes da Consagração só faz através da mão do Sacerdote, isto é, apresentar o universo ao Divino Pai, para implorar misericórdia” (AeD, vol.4, nº4011)

A Eucaristia atrai a misericórdia para os pecados abissais do mundo


Na 3ª meditação dos Exercícios Espirituais de 1943 focou os conceitos de Peccatum, diluvium – O pecado, o dilúvio.

“Tudo destruído, pela ira de Deus. Portanto, mantenha distância desta ira: Quod pefectus esse sciam, faciam – Farei o que for mais perfeito. (AeD, vol.4, nº4118)

“Na meditação desses conceitos “eu me vi imerso no mundo sobrenatural. ...

“uma visão da luta entre o bem e o mal, da terrível realidade da queda de tantas almas, um grito contínuo dos infelizes condenados e dos levianos da humanidade. ...

“Neste mundo, o sacerdote atua como salvador e mediador, o que é uma tarefa nada fácil.” (AeD, vol.4, nº4122)

O Menino Jesus na Eucaristia


Em 4 de setembro de 1944 “uma encantadora visão tive no êxtase antes da Comunhão. Segurei a santa Hóstia, com o Menino Jesus perceptível, ... vi como o Menino Jesus ergueu a mão e a estendeu a mim. ... Por um instante, tocou de leve o eu coração.

“No entanto ardor, o fogo, a dor na parte tocada foi de tal modo quente e forte, que soltei um suspiro alto, ...essa visão é preciosa, pois ela representa uma prova de que as visões são verdadeiras e me mantém vivo.

“Um resultado final dessa grandiosa graça foi um profundo ato de desprezo de mim mesmo” (AeD, vol.4, nº4741)

Como aparecia certas vezes o Menino Jesus na Missa ao Pe. Reus. (desenho dele)
Como aparecia certas vezes o Menino Jesus na Missa
ao Pe. Reus. (desenho dele)

Em 7 de outubro de 1944 “apareceu o Menino Jesus” na santa Missa e na festa dedicada à reparação ao Imaculado Coração da Mãe de Deus. Foi essa a razão que prevaleceu. ...

“A minha frente estava deitado o Menino Jesus de maneira visível. Nisso, de repente, ele ergueu os bracinhos para o alto, para a Mãe de Deus, e ela estendeu seus braços em direção do Menino no altar. ...

“Não poderia haver expressão mais bela. Que alegria sente a amável Mãe de Deus, quando a criança, em sua honra, se oferece no altar!” (AeD, vol.4, nº4791)



Continua no próximo post:


Fonte: “Autobiografia e Diário do Padre Reus”, editora Unisinos – Livraria e Editora Pe. Reus, Porto Alegre, 1999, 5 volumes. Fundamentamos estes posts nos cinco volumes desta autobiografia, que citaremos por brevidade como AeD. Em caso de recorrermos a outra fonte, faremos menção completa dela.


terça-feira, 11 de outubro de 2022

A solução está em Aparecida e não em Brasília

Nossa Senhora Aparecida
Nossa Senhora Aparecida
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
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Nossa Senhora Aparecida 305 anos depois

Existem devoções nacionais a Nossa Senhora, como é o caso de Aparecida, da mesma maneira que há grandes invocações que têm uma realeza entre as invocações de Nossa Senhora, como é o caso de Nossa Senhora do Rosário.

Quase não existe um país da Terra que não tenha uma grande devoção a Nossa Senhora e de que Ela não seja, debaixo de algum título, a Padroeira.

Também existem as invocações a Nossa Senhora das regiões e das cidades, como é, por exemplo, Nossa Senhora da Penha, em São Paulo.

E, às vezes, ainda há imagens de Nossa Senhora particularmente invocadas numa paróquia, numa parte de uma cidade, etc.

Há até famílias que têm uma devoção especial por alguma imagem de Nossa Senhora por alguma relação especial dEla com aquela família.

Por exemplo, na minha família paterna há devoção a Nossa Senhora da Piedade, é mais uma acomodação desse trato de Nossa Senhora com os homens, individualmente.

E depois, existe ainda, para cada um uma invocação especial de Nossa Senhora por alguma graça pessoal ou algum fato que liga a pessoa a essa imagem.

Nossa Senhora, com aquela índole materna que é característica dEla se faz grande com os grandes, e se faz pequena com os pequenos.

Se faz universal para as grandes coletividades e se faz regional para grupos humanos menores.

Nós podemos admirá-La em todas as dimensões: como Rainha das grandes coletividades e como Mãe das pequenas unidades.

É dentro dessa linha que nós devemos ver a devoção a Nossa Senhora Aparecida como Rainha do Brasil.

A América Latina inteira tem como padroeira a Nossa Senhora de Guadalupe, e, no Brasil, nós temos Nossa Senhora Aparecida.

Nossa Senhora Aparecida Padroeira do Brasil! Que é que, propriamente, deve significar para nós?

Nós sabemos o ponto de partida dessa devoção: na segunda quinzena de outubro de 1717 uns pescadores estavam pescando no Rio Paraíba quando eles recolheram, de repente, um tronco de imagem. Depois, mais adiante, pescaram uma cabeça.

Nossa Senhora Aparecida, réplica na Basílica velha
Nossa Senhora Aparecida, réplica na Basílica velha
E a pesca, que era inútil até aquele momento, passou a ser, então, muito abundante. E eles, junto do rio, construíram uma capelinha para aquela imagem que tinham encontrado.

As graças alcançadas ali foram extraordinariamente numerosas. Então, construiu-se a Basílica de Nossa Senhora Aparecida.

O povo começou e a afluir em quantidade, recebendo graças extraordinárias, entre as quais se conta a de um escravo perseguido por seu senhor e que, rezando a Nossa Senhora Aparecida, viu que suas algemas se partiram.

E seu senhor, que ia puni-lo com grande ferocidade, viu-se desarmado e deu ao escravo a liberdade. Disseram-me que as correntes desse escravo ainda se conservam na sala dos milagres de Nossa Senhora Aparecida.

De lá para cá, a devoção a Nossa Senhora Aparecida se tem generalizado.

O ambiente em Aparecida é de grande afluência de povo pobre e do povo sofredor. E Nossa Senhora Aparecida atendendo e concedendo, continuamente, graças extraordinárias.

Ao mesmo tempo, a devoção a Nossa Senhora Aparecida foi marcando a vida da Igreja.

E no pontificado de São Pio X acabou sendo coroada solenemente Rainha do Brasil, por todo o episcopado nacional, num ato oficial.

E a coroa foi colocada sobre a imagem de acordo com um decreto da Santa Sé, e a Santa Sé autorizou a que Nossa Senhora Aparecida fosse considerada Rainha do Brasil!

Então, essa devoção nascida tão humildemente, acabou fazendo seu caminho, culminando num ato que é um verdadeiro jurídico.

É jurídico pelo emprego do Poder das Chaves! A Santa Sé tem o direito de constituir uma Padroeira. Ela tem o direito de erigir uma realeza que estabelece um vínculo especial de um povo com Nossa Senhora.

E de Nossa Senhora com esse povo! O poder de desligar e ligar na Terra e no Céu que Nosso Senhor concedeu a São Pedro tem esse efeito, entre outros.

Nota do blog:

Na Bolivia, o ditador Evo Morales
presenteia o Papa com foice e martelo em lugar de Cruz
No Terceiro Centenário: O grande ausente

A visita do Papa Francisco no grande aniversário de nossa Mãe comum foi aguardada até o último momento pelo Brasil católico.

Sua descumprida promessa e a recusa de insistentes convites, foi atribuída por alguns à derrocada do PT e amigos.

Nós preferimos implorar empenhadamente para que Nossa Senhora Aparecida que toque seu coração e aja como só Ela, Mãe extremosa, sabe fazer nas circunstâncias complexas.

Nossa Senhora ficou sendo no Céu, advogada e Rainha do Brasil pelo poder das Chaves do Papa, que nessa época era o grande São Pio X.

Nesse ato jurídico nós devemos ver um prenúncio do Reino de Maria.

A partir do momento que Nossa Senhora foi aclamada Rainha do Brasil, ficou juridicamente declarado o Reino de Maria no País.

Para os efeitos celestes e para os efeitos terrestres, Nossa Senhora tem direitos jurídicos sobre o Brasil ainda maiores do que os que Ela teria se fosse uma rainha temporal, ainda que muito santa.

Por causa disto nós temos uma obrigação especial de cultuar, de dar glória a Nossa Senhora, de espalhar Sua devoção por toda parte, de lutar junto aos outros povos do mundo que não queiram receber o culto de Nossa Senhora.

De fazer, portanto, cruzadas em nome de Nossa Senhora!

É toda uma vocação nacional e mundial que se delineia para o Brasil a partir precisamente dessa coroação de Nossa Senhora como nossa Rainha.

Daí decorre que se o Brasil não fosse o pobre país agnóstico e interconfessional que é, o verdadeiro seria que, para determinados efeitos, a capital verdadeira do Brasil, fosse Aparecida.

Depois de Nossa Senhora ter sido declarada Rainha do Brasil, eu não concebo a possibilidade que os grandes atos da vida nacional se façam em outro lugar que não em Aparecida!

Reconstituição do achado milagroso da imagem no Paraíba. Crédito foto Thiago Leon
Reconstituição do achado milagroso da imagem no Paraíba.
Na segunda quinzena de outubro de 1717.
Crédito foto Thiago Leon
A promulgação das leis célebres, a declaração das guerras, os tratados de paz, as grandes solenidades das grandes famílias do país; todas estas coisas, eu só concebo como sendo realizados na Aparecida!

E no momento que tanto se discute sobre o que acontece em Brasília, nós esquecemos o verdadeiro polo.

E o verdadeiro polo é Aparecida.

A verdadeira capital do país, para os grandes efeitos, deveria ser Aparecida. Aí temos bem a perspectiva de como Aparecida deveria ser.

É inútil dizer o contrário. É uma grande baixa de nível, em comparação com considerações desta elevação.

O que seria bonito é a gente imaginar como seria a Basílica de Nossa Senhora Aparecida quando for instaurado o Reino Maria no Brasil.

Que honra, que pompa, que grandeza, que nobreza, que elevação esta basílica deveria ter!

Que grande conjunção de ordens contemplativas deveria se estabelecer ali; que grandes confessores deveriam ir ali para fazer bem às almas; que centros especiais para cursos para intensificação da devoção mariana; enfim, quanta e quanta coisa!

Essas são coisas que não estão no reino dos sonhos! Estão no reino dos ideais!

Para nós, que confiamos na Providência Divina, nós sabemos bem a diferença que há entre um sonho e um ideal.

Para o homem que não confia na Providência, todo ideal não é senão um sonho.

Para o homem que confia na Providência, muita coisa que parece sonho é um ideal realizável!

Eu acho que nós devemos apresentar a Nossa Senhora Aparecida o desejo de que Ela faça realizar estas coisas. De que Ela apresse o dia em que essas coisas se realizarão.

E que a constituição em Aparecida de uma ordem de coisas como deve ser, seja o sintoma e o efeito da remodelação de todas as coisas no Brasil e no mundo para o cumprimento da promessa de Nossa Senhora em Fátima: “Por fim o meu Imaculado Coração triunfará”.

É para o triunfo do Coração Imaculado de Maria, que no Brasil se apresenta sob a devoção de Nossa Senhora Aparecida, que nós devemos rezar afincadamente e cheios de confiança de que Ela atenderá nossa oração!



(Autor: Plinio Corrêa de Oliveira, excertos de palestra em 5.10.64, sem revisão do autor)


segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Pe.Reus: certeza dos fenômenos místicos litúrgicos surpreendentes

Servo de Deus João Batista Reus SJ 16, No quartel, como aspirante a oficial, em 1890. Seu espírito reto era muito afim com o perfil militar
Servo de Deus João Batista Reus SJ,
No quartel, como aspirante a oficial, em 1890.
Seu espírito reto era muito afim com o perfil militar
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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Continuação do post anterior: Pe.Reus e a transverberação, fenômeno místico excepcional



O Pe. Reus, por natureza, não era inclinado para o misticismo ou fenômenos extraordinários sobrenaturais.

Esses, entretanto, começaram a lhe acontecer e até num grau comparável ao dos máximos místicos da Igreja Católica. Ele se inclinava a atribui-los a enganos do demônio, mas todas as tentativas de esclarecimento que ele procurou, confirmaram que eram autenticamente sobrenaturais.

Acrescia que o mau cheiro do progressismo que subverte hoje a liturgia com fenômenos estranhos, enganosamente atribuídos à divindade ou a forças supostamente sobrenaturais já se infiltrava na Igreja como energias divinas resultantes de práticas litúrgicas relativistas ou heterodoxas.

A primeira preocupação do Pe. Reus foi se abrir com as autoridades de sua ordem, a jesuítica. Esta prática apela a um juiz que determinará se são obra ou não do diabo e assim afasta o demônio.

Em 1º de agosto de 1942, o Pe. Reus rendeu contas de consciência ao Pe. Provincial. “Ele aprovou tudo e pediu que continuasse fazendo minhas anotações, como o Provincial anterior, Pe. Leopoldo Arntzan, já havia solicitado. (...)

O juízo dos superiores

O padre Ferdinand Baumann, seu consciencioso biógrafo, que o conhecia pessoalmente, relata o seguinte:

“Todos viram no Padre Reus um homem sério, razoabilíssimo, firme nas suas atitudes, de mentalidade crítica, enérgico, livre de sentimentalismo e exaltação.

“Todos conheciam sua veracidade inabalável e sabiam que se devia dar crédito incondicional ao que dizia.

“Os superiores conheciam suas virtudes heroicas: penitências e mortificações extraordinárias, adorações noturnas, permanente e notório recolhimento e autocontrole. Não poderia ter praticado tudo isso sem ser misticamente agraciado”.

Como prova convincente da autenticidade de suas visões, o Padre Reus declara:

“... não dependem de mim. Sobrevêm frequentemente, em dias comuns, e não nas festas comemorativas (por exemplo Sexta-feira Santa), quando a alma está repleta do mistério do dia. Também não me é possível modificar algo nas visões, circunstâncias mencionadas também por Santa Teresa”.

Por outro lado, o Padre Reus não desejava o extraordinário. Rezava e pedia ao seu Senhor e Deus: “Sabeis que não procuro coisas extraordinárias, admito-as, unicamente, porque Vós mas enviais”. (apud “As visões e êxtases do Padre João Batista Reus”)

“Do dia 8 de julho de 1937 até 16 de agosto de 1941, por ser necessário para as anotações, contei 414 visões, das quais, com exceção talvez de seis, nenhuma foi totalmente igual às outras.” (AeD, vol.4, nº3943)

Esta prática dominou toda sua vida. Mais tarde escreveu que falando com o Pe. Provincial,

“em muitas visões, não há nenhum vestígio de algo impróprio; assim, é impossível uma dúvida fundamentada sobre a autenticidade. O Pe. Provincial esteve de acordo e fundamentou isso argumentando com a Sagrada Escritura” (AeD, vol.4, nº4736)

Acresce que seus fenômenos místicos eram estritamente sobrenaturais. Por isso confessou: “Nunca pelo que sei, vi algo com os olhos do corpo” (AeD, vol.4, nº4739)

E em espírito de humildade, acrescentou: “eu tenho, como parece, uma graça especial: a de distinguir o verdadeiro e o falso” (AeD, vol.4, nº4737)

As certezas que lhe davam os juízos dos superiores, foram um constante conforto espiritual:

“Os superiores aprovam meu comportamento e minhas visões” (AeD, vol.4, nº4741)

 O próprio Jesus Cristo quis premiá-lo pela sua observância das regras litúrgicas


Anjos seguram a coroa de Cristo sobre o Pe. Reus. Desenho do Pe.Reus
Anjos seguram a coroa de Cristo sobre o Pe. Reus.
Desenho do Pe.Reus
Ele conta que quando cumpria 51 anos de Ordenação Sacerdotal, no Credo da Missa “vi dois anjos que seguravam uma coroa sobre mim, a qual pende como condecoração da dignidade sacerdotal” (AeD, vol.4, nº4713)

“Ambos os anjos tomaram do amado Salvador e a ergueram sobre mim até o final da santa Missa. E, então, devolveram a coroa ao amável Salvador.

“Aí eu observei também como o Pai Celestial e o Espírito Santo permaneceram com sua coroa, enquanto o Divino Salvador punha a dele à disposição de seu sacerdote no altar, ...

A coroa é o poder do sacerdote, porém o verdadeiro Senhor dela é Cristo Sumo e Eterno Sacerdote. Ele a compartilha com seus servos escolhidos.

“Ele realmente dá a sua coroa ao sacerdote no altar. Esse amor é sem limites. Infelizmente muitas vezes é desprezado”. (AeD, vol.4, nº4713)

Cristo coroa de espinhos na Missa ao sacerdote que celebra seriamente como o Pe. Reus
Cristo coroa de espinhos na Missa
ao sacerdote que celebra seriamente
como o Pe. Reus
E não somente foi coroado com uma coroa de glória divina, mas simbolicamente com a coroa de espinhos, em contradição com a procura de coroas de sensações que se espalhava nas “experiências litúrgicas” que apareciam subterraneamente na Igreja à procura de um enganoso 'espírito comunitário'.

Em 19 de setembro de 1944 “depois da Consagração, pareceu-me que tivessem colocado a coroa de espinhos sobre mim.

“Vi a coroa de espinhos entre mim e o trono da Santíssima Trindade
; ... vi o Menino Jesus com a cruz à direita da Santíssima Trindade, cercado de santos anjos. (AeD, vol.4, nº4773)







Fonte: “Autobiografia e Diário do Padre Reus”, editora Unisinos – Livraria e Editora Pe. Reus, Porto Alegre, 1999, 5 volumes. Fundamentamos estes posts nos cinco volumes desta autobiografia, que citaremos por brevidade como AeD. Em caso de recorrermos a outra fonte, faremos menção completa dela.


segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Pe.Reus e a transverberação, fenômeno místico excepcional

Detalhe de 'Transverberação do Coração de Santa Teresa de Ávila'. Josefa de Óbidos (1630 — 1684). Igreja Matriz de Cascais
Detalhe de 'Transverberação do Coração de Santa Teresa de Ávila'.
Josefa de Óbidos (1630 — 1684). Igreja Matriz de Cascais.
O Pe. Reus teve análogo fenômeno místico.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
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Continuação do post anterior: Pe. Reus: guerra do inferno contra a boa Missa e o celebrante estrito



“Eu procurei quem me consolasse e não encontrei” lamenta Nosso Senhor segundo uma Antífona que se canta também na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus.

As palavras glosam um salmo de David: “seus ultrajes abateram meu coração e desfaleci. Esperei em vão quem tivesse compaixão de mim, quem me consolasse, e não encontrei”. (Salmo 68, 21-22)

O Pe. Reus voltou sua profunda devoção para o Sagrado Coração de Jesus oferecendo suas dores pela ingratidão dos homens e consolar os insultos a Nosso Senhor Jesus Cristo, a Nossa Senhora e a Igreja no mundo.

Ele foi um homem transfixados pela dor numa época em que a Igreja ia sendo amolecida por um espírito alegrote e ia ficando pronta sorrateiramente para a atual explosão de progressismo desregrado.

Ele foi como um homem ajoelhado que oscula as gotas de sangue que a Igreja derrama e seus filhos deixam cair no chão procurando consolá-la.

Como vimos nos posts anteriores, seu coração trocado com o Sagrado Coração de Jesus era uma fonte de labaredas de intenso fogo de amor reparador.

Nosso Senhor quis premiar essa atitude heroica com o fenômeno extraordinário da trans-verberação, concedido outrora a santos da envergadura de Santa Teresa de Jesus.

Foi assim que no dia 3 de outubro de 1941, em seu quarto, “vi como meu coração fora perfurado com uma flecha, ou melhor, fora ferido, causando-me dor muito intensa. ... com a flecha no coração, passava pelo corredor, também vi o anjo, que ainda estava com a mão na flecha” (AeD, vol.4, nº3589)

Desenho do Pe Reus de seu coração transverberado
Desenho do Pe Reus de seu coração transverberado
A flecha, com que um anjo me feriu o coração no dia 3 de outubro, ficou sempre visível a partir de então.

“Hoje quando estava deitado em ardor de amor, uma mão invisível transpassou o meu coração fora a fora, de forma que a ponta saiu do outro lado. Na ponta brilhava uma pequena chama de fogo.

“O anjo que fez isso, transpassou duas vezes o meu coração. A dor foi tão grande que gemi alto. Desde então, vejo a flecha em meu coração”. (AeD, vol.4, nº3608)


Vida de penitência e de sacrifício

Padre Reus tinha verdadeira fome e sede de sacrifícios. Aceitava resignadamente os desprezos, as humilhações que feriam profundamente sua extrema susceptibilidade.

Flagelava-se diariamente antes de se recolher à noite; cingia-se frequentemente com um cilício de ferro, dormia sobre duas tábuas, escondidas debaixo do lençol, jejuava quase sem interrupção e dominava os sentidos e a natural curiosidade de maneira edificante.

Mas o maior sacrifício foi sem dúvida, a renúncia à sua vontade e sua perfeita e constante subordinação à vontade dos superiores.

Verdadeira tormenta agitou-lhe a alma, quando soube ser desejo da Ordem que os súditos abrissem suas consciências não só ao superior provincial, mas também ao superior da Comunidade.

“Parecia-me então mais fácil confessar pecados graves – se os tivesse – do que revelar as graças místicas”.

Grande provação para o Padre Reus era a gradativa perda da visão, que poderia transformar-se em cegueira completa.

Deus, porém, se contentou com a boa vontade de Seu Servo, preservando-o da cegueira. Mas a surdez, própria da velhice, não lhe foi poupada. (apud “As visões e êxtases do Padre João Batista Reus)


O fogo que emanava de seu coração transpassado pelo dardo de amor divino tinha um caráter reparador.

Entre 22 e 24 de novembro, conta ele, “vi-me em um mar de chamas ... as chamas saiam de meu coração, subindo para o trono das três Santíssimas Pessoas e as envolvia.

“Delas saiam torrentes de fogo em minha direção. ... Do meu coração saíam chamas de fogo que subiam até o trono [da Santíssima Trindade].

“O amor de Deus penetra no coração do homem e repara os erros ininterruptamente cometidos pela humanidade pecadora” (AeD, vol.4, nº3640-42)

Em 16 de julho de 1942 “Quando, no Ofertório, eu já havia lavado as mãos, fui vestido por uma mão invisível, com uma vestimenta branca que me cobriu totalmente. Deus devolve a inocência, se ela for perdida” (AeD, vol.4, nº3917)





O insulto me partiu o coração. Eu procurei quem me consolasse e não encontrei Salmo 68, 21-22


Fonte: “Autobiografia e Diário do Padre Reus”, editora Unisinos – Livraria e Editora Pe. Reus, Porto Alegre, 1999, 5 volumes. Fundamentamos estes posts nos cinco volumes desta autobiografia, que citaremos por brevidade como AeD. Em caso de recorrermos a outra fonte, faremos menção completa dela.



ANTÍFONA: O INSULTO ME PARTIU O CORAÇÃO;
NÃO SUPORTEI, DESFALECI DE TANTA DOR!
EU ESPEREI QUE ALGUÉM DE MIM TIVESSE PENA,
MAS FOI EM VÃO, POIS A NINGUÉM PUDE ENCONTRAR;
PROCUREI QUEM ME ALIVIASSE E NÃO ACHEI!

DERAM-ME FEL COMO SE FOSSE UM ALIMENTO,
EM MINHA SEDE OFERECERAM-ME VINAGRE!

1. SALVAI-ME, Ó MEU DEUS, PORQUE AS ÁGUAS
ATÉ O MEU PESCOÇO JÁ CHEGARAM!
DERAM-ME FEL COMO SE FOSSE UM ALIMENTO,
EM MINHA SEDE OFERECERAM-ME VINAGRE!

2. FALAM DE MIM OS QUE SE ASSENTAM JUNTO ÀS PORTAS,
SOU MOTIVO DE CANÇÕES, ATÉ DE BÊBADOS!
DERAM-ME FEL COMO SE FOSSE UM ALIMENTO,
EM MINHA SEDE OFERECERAM-ME VINAGRE!

3. POR ISSO ELEVO PARA VÓS MINHA ORAÇÃO,
NESTE TEMPO FAVORÁVEL, SENHOR DEUS!
DERAM-ME FEL COMO SE FOSSE UM ALIMENTO,
EM MINHA SEDE OFERECERAM-ME VINAGRE!

4. RESPONDEI-ME PELO VOSSO IMENSO AMOR,
PELA VOSSA SALVAÇÃO QUE NUNCA FALHA!
DERAM-ME FEL COMO SE FOSSE UM ALIMENTO,
EM MINHA SEDE OFERECERAM-ME VINAGRE!


segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Uma mensagem para nosso milênio, enviada há 176 anos

La Salette: Uma mensagem para nosso milênio, enviada há 176 anos
La Salette: Uma mensagem para nosso milênio, enviada há 176 anos
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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Nosso milênio estava para começar e um sino anunciava o fim dos trabalhos nos arquivos da Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, precisamente no 3 de outubro de 1999.

Nessa hora, um sacerdote que preparava seu mestrado não podia acreditar no que havia encontrado.

Numa caixa mal catalogada exteriormente, apareceram todos os documentos originais relativos ao caso de La Salette que se achava perdidos.

Não apenas os manuscritos do Segredo, aliás contraditado ou embaralhado maliciosamente por alguns, mas também uma verdadeira mina de documentos inéditos relacionados ao caso que eram desconhecidos.

O descobridor padre Michel Corteville escreveu então uma tese monumental – mais de 1.104 páginas – que defendeu com sucesso na Universidade Angelicum, em Roma.

De repente, inesperadamente La Salette, que hoje cumpre 176 anos renascia das cinzas do esquecimento, como a vidente Mélanie havia anunciado.

A mensagem de La Salette, contestada e perseguida pelos agentes da degradação que hoje corrompe o mundo, estava aí contida nos mais autorizados e aprovados documentos.

Como se Nossa Senhora quisesse deixar claro que essas suas candentes palavras estavam reservadas especialmente para o III milênio em que voltavam à luz e no qual vivemos.

Os fatos parecem confirmar essa interpretação. Sobre a Ucrânia – país ordeiro voltado para a agricultura – a Rússia de Putin se jogou com espantosa ferocidade e arbitrariedade. A Ucrânia é crista – a maioria cismática infelizmente, mas muitos milhões são católicos.

A invasão russa da Ucrânia está virando um castigo para a humanidade
A invasão russa da Ucrânia está virando um castigo para a humanidade
Ela ama suas famílias, suas igrejas, sua terra que cultiva com amor. E se defende como uma mãe que dá a vida pelos filhos. Os mortos somam dezenas de milhares segundo as estimativas. E com requintes de perversidade e sadismo dando continuidade ao velho comunismo.

Na China, país pagão e comunista no momento que escrevemos 51 milhões de pessoas estão com as portas de suas casas soldadas por um regime inclemente. Berram desesperadas em cidades de grandes prédios como Chengdu porque morrem de fome. E até não poucas se suicidam desde seus elevados andares.

O argumento é o mesmo: atingir o “Covid zero”, aliás utópico e inalcançável. O ditador desse país de dimensões continentais quer levar 1,4 bilhões de pessoas ao “comunismo original”, miserabilista e igualitário e aproveita o medo da pandemia.

As imensas fábricas chinesas param, os navios não entram nem saem dos portos do mundo, e a Terra afunda numa crise econômica universal da qual começamos a sentir os primeiros efeitos.

A Europa já foi avisada: o inverno que apenas começa será doloroso: a Rússia se vingando dos fracassos da guerra na Ucrânia, cortou o fornecimento de gás e petróleo.

Então faltará muita energia, não haverá suficiente aquecimento no severo inverno, as fábricas pararão, os transportes serão racionados. E, com a Rússia soprando sorrateiramente, multidões se alçarão revoltadas pelo frio e a miséria.

La Salette, Chapelle Notre-Dame-de-la-Salette (Bubry)
La Salette, Capela Notre-Dame-de-la-Salette (Bubry)
Mas isso é ainda pouco, o aborto – malgrado heroicas resistências como nos EUA – já assassinou “legalmente” mais de 70 milhões de crianças não nascidas e as leis se preparam para aprovar maior extermínio ainda.

As famílias se desfazem, a agenda LGBT derruba as últimas resistências da moralidade com o apoio de ONGs poderosas, governos, instituições de importância mundial, e os sofismas de maus teólogos, religiosas e até bispos e cardeais.

No Vaticano, o Papa faz um culto à deusa indígena Pachamama... o que mais dizer?

A aprovação de um Papa santo


Em 19 de setembro de 1846, a Santíssima Virgem apareceu a dois pastores nos Alpes, não muito longe da aldeia de La Salette: Maximin Giroud de 11 anos, e Mélanie Calvat de 15.

Quando eles transmitiram, aliás imediatamente, a parte pública da mensagem, os efeitos foram tremendamente benéficos e se espalharam por toda a França.

A Virgem havia exposto aos olhos dos pastores uma visão global do que viria até o fim do mundo. Milênios, portanto, visando especialmente o nosso.

Enquanto a Virgem falava, o majestoso panorama dos Alpes que pode ser apreciado no local da aparição, tinha se transformado numa formidável tela onde os videntes viam representados os fatos que a Virgem enunciava verbalmente.

O bispo de Grenoble, diocesano de La Salette, Dom Philibert de Bruillard, aprovou definitivamente a origem sobrenatural da revelação e mandou os videntes pôr os segredos no papel em 1851 para ser levados ao Papa, o Beato Pio IX.

Beato Pio IX, busto no castelo de Masino
Beato Pio IX, busto no castelo de Masino
Os cônegos Gerin e Rousselot que entregaram os segredos pessoalmente a Pio IX em 18 de julho do mesmo ano ouviram do santo pontífice dizer.

“Existe a franqueza e a simplicidade de uma criança”.

Durante a leitura da carta de Mélanie, a emoção apareceu no rosto do Santo Padre, seus lábios se contraíram e suas bochechas incharam.

E o Santo Padre disse: “São flagelos com os quais a França está ameaçada. Ela não é a única culpada. Alemanha, Itália, toda a Europa são e merecem punição.

“Tenho menos a temer de Proudhon do que da indiferença religiosa e do respeito humano.

“Não é sem razão que a Igreja é chamada de militante, e que você vê aqui o Capitão dela (com a mão direita no peito). Mandei examinar seu livro por Monsenhor Frattini, promotor da Fé, ele me disse que era bom, que estava feliz com ele, que respirava a verdade” (“La Salette examinada em Roma”, Relação de M. Rousselot, segundo L. Bassette, “O fato de La Salette”, Cerf, 1955 p. 227).

Com o apoio do Papa, o Bispo de Grenoble reconheceu oficialmente a aparição como “indubitável e certa” em 19 de setembro de 1851, quinto aniversário da aparição.

O furor do inferno se abateu contra a mensagem de La Salette. Até que após a morte do Beato Pio IX, todos os documentos ficaram “perdidos” num caixote que por fora dizia outra coisa.

Ressurreição da mensagem de La Salette no III milênio


Hoje, de forma inesperada o Segredo de La Salette emerge de seu túmulo arquivístico.

E o que ele encontra?

A ofensiva contra a Igreja sob o pretexto de reforma-la se enfurece contra hierarquia eclesiástica, sua liturgia, a castidade de seus sacerdotes e esvaziou seminários, conventos e templos para entrega-los a salões de festa, hotéis e bares.

Em La Salette Nossa Senhora anunciou que Lúcifer com um grande número de demônios serie solto do inferno; que livros ruins abundariam na terra, que e os espíritos das trevas espalhariam por toda parte uma frouxidão universal em tudo o que diz respeito ao serviço de Deus.

Por um tempo a Igreja seria entregue a grande perseguição; e adviria o tempo das trevas em que a Igreja pareceria soçobrar numa crise terrível.

A mídia, em nome de uma moral que não faz senão denegrir, re-exuma certos casos que que a Virgem chamou de “cloacas de impureza”, os infla ao extremo e procuram impor reformas inaceitáveis na Igreja.

O mesmo fazem os subversivos progressistas dentro dos muros sagrados, como o Sínodo Alemão que ataca o celibato, e pede entre muitas outras abominações o “sacerdócio feminino” e/ou homossexual, por exemplo.

Porém, em La Salette, como em Fátima, a Santíssima Virgem prometeu que, no final destas grandes provações, a Igreja emergirá mais radiante do que nunca.

A “ressurreição” de La Salette no III milênio, no 176º aniversário da aparição, nos encoraja a professarmos cada vez com maior confiança que a vitória da Santíssima Virgem está cada vez mais próxima, malgrado as aparências cada vez mais opostas.


segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Pe. Reus: guerra do inferno contra a boa Missa e o celebrante estrito

Demonios se assanham contra o sacerdote orante. No quadro Santo Arsenio o Grande (350 - 445) Padre do Deserto
Demônios se assanham contra o sacerdote orante.
No quadro: Santo Arsenio o Grande (350 - 445) Padre do Deserto
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs







Continuação do post anterior: O Pe. Reus e os assaltos do diabo contra a Missa



Ao longo dos já numerosos posts que temos publicado sobre o Pe. Reus, pudemos observar as rispidezes de trato que se voltavam contra ele pela sua estrita obediência ao rito da Missa.

Sem dúvida, os extraordinários fenômenos místicos de que foi objeto o confirmavam na sua atitude amorosa e estrita ao ritual romano.

Porém, se compreende que a Providência tenha querido reafirmar enfaticamente a aprovação de sua santa conduta sacerdotal na Liturgia imutável segundo desejo de muitos séculos da Igreja.

Dentre os muitos exemplos que se podem citar, em 29 de julho de 1941, no cerne da Missa o Pe. Reus se viu “diante da Santíssima Trindade”.

O amado Pai Celeste me abençoava e me dava o osculo do amor na fronte, durante pouco tempo, o amado Salvador me abraçou” (AeD, vol.4, nº3522).

No dia seguinte no Memento da Missa “pedi que ele me renovasse a graça do sacerdócio, ... Durante a oração seguinte Communicantes ... o Divino Salvador se levantou e pôs ambas as mãos sobre mim. ...
Nosso Senhor lhe impõe as mãos. Desenho do Pe.Reus
Nosso Senhor lhe impõe as mãos. Desenho do Pe.Reus

“Isso deve significar com certeza, que Ele realmente renova aquela primeira graça, e também para todo sacerdote que lhe pede isso” (AeD, vol.4, nº3523)

A última frase é consoladora. Pois o Pe. Reus não se via de modo exclusivista e pensava constantemente nos sacerdotes espalhados pelo mundo e em diferentes épocas. Até em alguns de seus alunos do seminário de São Leopoldo.

E em 9 de agosto do mesmo ano:

“O amado Pai Celeste e o amado Salvador colocaram ambas as mãos sobre mim, em sinal de completo perdão de todos os meus pecados e erros. ...

“Ao redor, havia santos anjos. Eles se alegram quando um pecador faz penitência”. (AeD, vol.4, nº3532)

A penitência! Que Nossa Senhora tanto pede, também pode ser necessária ao sacerdote e, quando acontece, causa regozijo na corte celeste.

E não só isso. O próprio São Miguel Arcanjo, príncipe da milícia celeste, paira com seus anjos sobre o sacerdote que reza bem a Missa para protege-lo das insídias infernais que nesse momento podem se multiplicar.

Ainda durante a Missa do 18 de agosto de 1941, “na última oração a São Miguel vi o arcanjo pairar sobre mim para me proteger. Acredito que essas graças valem para todo sacerdote, pois ele é abraçado da forma mais íntima, na Comunhão” (AeD, vol.4, nº3542)

De fato, o Pe. Reus via que Satanás se assanha contra o Santo Sacrifício bem celebrado. Ele estava muito longe de ver a Missa como uma festa comunitária.

Anjos protegem a Missa dos asaltos dos demônios. Desenho do Pe Reus
Anjos protegem a Missa dos assaltos dos demônios.
Desenho do Pe Reus
Lhe aconteceu em 19.8.1941, após a Consagração se apresentar diante dele uma estranha figura.

“Quase no mesmo momento o amado Salvador ... enviou-me seus santos anjos em auxílio. Primeiramente pairava sobre mim o arcanjo São Miguel, para me defender.

“Outros santos anjos formavam, ao redor de mim, um muro de proteção, vivo e resistente para defender o sacerdote de Deus contra os maus espíritos” (AeD, vol.4, nº3543)

E não só a proteção de Nosso Senhor e dos anjos, mas também dos santos padroeiros do país, cidade ou local.

O Pe. Reus via a grande glorificação que rendem ao Coração de Jesus e à Mãe de Deus “os corajosos guerreiros mártires. Mas também para alegrar-se com os heróis triunfantes, modelos para nós” (AeD, vol.4, nº3559).

Guerreiros, heróis triunfantes, modelos para nós: assim eram os modelos para os sacerdotes segundo via o Pe. Reus. E também para nós simples fiéis, ainda mais fracos e desamparados que os religiosos.

Com uma participação protetora especial de Nossa Senhora:

Foi o caso durante a Consagração na festa de Nossa Senhora Aparecida (então 7 de setembro), viu diante dela o venerável (hoje Santo) Pe. Anchieta, provavelmente como representante de todo o Brasil cuja padroeira é Nossa Senhora Aparecida...

Exposição de pertences do Pe Reus SJ, São Leopoldo
Exposição de pertences do Pe Reus SJ, São Leopoldo
“Se a visão fosse produzida por mim, provavelmente não teria tomado o Pe. Anchieta como testemunha e representante, e sim, os bem-aventurados mártires Rio-Grandenses ou os 40 mártires do Brasil” (AeD, vol.4, nº3562).

E em 9 de setembro de 1941, “nas orações do Ofertório vi, sobre o altar, Nossa Senhora de Fátima ... a amável Mãe de Deus me deu a honra de se mostrar a mim, como prova de seu grande amor e agrado em relação ao rosário”. (AeD, vol.4, nº3564)

Mas essa presença, proteção e participação tem um troco que o celebrante – e também os fiéis presentes – devem dar com a veneração devida aos santos mistérios que se oferecem no altar “para não nos envergonharmos diante dos santos anjos”

Em 21.9.1941, “no final da Santa Missa, dava a bênção, vi, por cima de mim e por cima do altar, o amável Salvador na Cruz, dando a bênção ao mesmo tempo que eu, com sua mão direita, que se soltara da cruz. ... Ele é também o sacerdote que sacrifica, reza e abençoa. O que o sacerdote faz, faz nele e com Ele. (AeD, vol.4, nº3576)

Em 23.9.1941, nas palavras Per eundem Christum Dominum nostrum – Pelo mesmo Cristo nosso Senhor, em que, por instrução da Igreja, o sacerdote deve fazer uma reverência que certamente significa a última reverência do Redentor crucificado, vi de repente bem claro diante de mim, como o amável Salvador na cruz fazia uma reverência com sua santa cabeça” (AeD, vol.4, nº3578)

Na missa de 25.9.1941 “vi de repente, duas fileiras de santos anjos que, todos ao mesmo tempo fizeram comigo uma reverência com a cabeça, em profunda veneração.

É uma advertência sobre a veneração que devemos ter ao rezar estas palavras de louvor, para não nos envergonharmos diante dos santos anjos” (AeD, vol.4, nº3581)





Pottenstein, Baviera, Alemanha,
a cidade natal do Pe. João Batista Reus S.J.




Fonte: “Autobiografia e Diário do Padre Reus”, editora Unisinos – Livraria e Editora Pe. Reus, Porto Alegre, 1999, 5 volumes. Fundamentamos estes posts nos cinco volumes desta autobiografia, que citaremos por brevidade como AeD. Em caso de recorrermos a outra fonte, faremos menção completa dela.


segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Analogias entre o segredo de La Salette e as profecias de Don Bosco

Panorama dos incêndios comunistas durante a Comuna de Paris, 1871
Panorama dos incêndios comunistas durante a Comuna de Paris, 1871
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
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“Paris será queimada”: estas palavras do segredo, obviamente causaram muita impressão na França. Mélanie as confirmou repetidamente, como vimos em post anterior.

“Paris e o Papa! Paris e o Papa! Oh, infeliz Paris!” era uma exclamação frequente dela.

Também em mais de uma ocasião advertiu a conhecidos de não irem à capital pois temia a proximidade do cumprimento da visão.

Na versão oficial de 1851, Mélanie escreveu: “Paris, esta cidade suja de toda espécie de crimes, perecerá infalivelmente”.

Mélanie não foi a única a transmitir essa advertência divina à Cidade Luz. Também o fez São João Bosco.

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Assunção de Nossa Senhora:
preanúncio do Reino de Maria

Assunção de Nossa Senhora, iluminura s. XV.
Columbia University, UTS MS 049
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
webmaster de
diversos blogs

“A Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso de sua vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”

Com essas imorredouras palavras, o Santo Padre Pio XII definiu o dogma da Assunção da Santíssima Virgem ao Céu em corpo e alma, solenemente proclamado no dia 1º de novembro de 1950, pela Constituição dogmática “Munificentissimus Deus”.

A solene proclamação desse augusto dogma veio coroar séculos de devoção a Nossa Senhora enquanto tendo sido levada aos Céus em corpo ressurrecto e alma.

Na difusão desta verdade e desta devoção a Idade Média deu um contributo fundamental.

A fé na Assunção vem dos tempos apostólicos. As primeiras referências escritas se encontram na liturgia oriental que no século IV já comemorava a subida ao Céu de Nossa Senhora na festa da “Lembrança de Maria”.

A festa passou a ser denominada “Dormição de Maria” no século VI e o imperador bizantino Maurício fixou a data de 15 de agosto, apenas confirmando um costume pré-existente.

segunda-feira, 18 de julho de 2022

O Pe. Reus e os assaltos do diabo contra a Missa

O mal conspira contra a Missa bem celebrada. Judas com o dinheiro da traição abandona a Última Ceia, após comungar sacrilegamente. Detalhe de andor da confraria da Última Ceia, Úbeda, Espanha.
O mal conspira contra a Missa bem celebrada.
Judas com o dinheiro da traição abandona a Última Ceia,
após comungar sacrilegamente.
Detalhe de andor da confraria da Última Ceia, Úbeda, Espanha.
Luis Dufaur
Escritor, jornalista,
conferencista de
política internacional,
sócio do IPCO,
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continuação do post anterior: O Pe. Reus nos teria salvo das cloacas de impureza denunciadas em La Salette?



O Padre Reus entendia a Missa como sempre foi desde a Última Ceia quando foi instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo.

Naquela ocasião suprema em que Jesus procedeu à consagração e ordenou aos apóstolos fazer o mesmo em memória dEle, a tragédia suprema de Sua Paixão e Morte se acumulava sobre a Divina Vítima, o Redentor.

Não só, o Sinédrio – assembleia dos sumos sacerdotes do Templo – já tinha acertado a morte do Redentor, mas até o traidor que o vendeu – Judas Iscariotes, um dos apóstolos – participava da Ceia.

Para os judeus aquela Ceia tinha uma conotação festiva pois com ela comemoravam um episódio do êxodo, isto é da partida de Egito e a libertação da escravidão, sendo guiados por Moisés.

Mas a Missa instituída em aquelas condições trágicas não pode ser vista como uma mera festa comunitária segundo se tende a apresenta-la e celebrá-la na nossa época.