A família toda de Santa Teresinha, incluindo a Santa, inscreveu-se numa piedosa associação reparadora pelos pecados da humanidade denunciados por Nossa Senhora em La Salette.
A grande carmelita de Lisieux desejava passar o Céu fazendo o bem na Terra, mas não tinha uma alma débil, desprovida de personalidade e força de caráter, que fugia do sofrimento e da luta.
Se assim o fosse, não teria sido elevada às honras dos altares, nem teria sido apresentada ao mundo católico como “uma nova Joana d'Arc” pelo Papa Pio XI (a 18 de maio de 1925).
É muito oportuno e mesmo necessário, pois, considerarmos este aspecto de sua alma, frequentemente esquecido ou falseado em imagens e santinhos, onde ela aparece com a fisionomia impregnada por um adocicamento sentimental e romântico, totalmente inexistente em sua forte e marcante personalidade.
Vejamos algumas de suas afirmações que refletem o espírito de cruzado que animava a Santa da chuva de rosas:
“Na minha infância sonhei lutar nos campos de batalha.
“Quando comecei a aprender a História da França, o relato dos feitos de Joana d'Arc me encantava; sentia em meu coração o desejo e a coragem de imitá-los” (1).
“Adormeci por alguns instantes -- contava ela à Madre Inês -- durante a oração. Sonhei que faltavam soldados para uma guerra contra os prussianos.
“Vós dissestes: É preciso mandar a Irmã Teresa do Menino Jesus. Respondi que estava de acordo, mas que preferia ir para uma guerra santa. Afinal, parti assim mesmo.
“Oh! não, eu não temeria ir à guerra. Com que alegria, por exemplo, no tempo das cruzadas, teria partido para combater os hereges. Sim! Eu não temeria levar um tiro, não temeria o fogo!” (2)
"Lançando-me na arena
“Não temerei ferro nem fôgo ....
“Sorrindo enfrento a metralha ....
“Cantando morrerei, no campo de batalha
“As armas à mão”, bradava ela (3).
“Quando penso que morro numa cama! Como desejaria morrer numa arena!” (4)
“A santidade! É preciso conquistá-la à ponta da espada. .... É preciso combater!” (5)
____________________
Notas:
1) Lettres de Sainte Thérèse de l'Enfant-Jésus, Carta ao Abbé Bellière, Office Central de Lisieux, 1948.
2) Carnet Jaune, 4.8.6 -- in Derniers entretiens, Éditions du Centenaire, Desclée de Brouwer-Éditions du Cerf, Paris, 1971.
3) Mes Armes -- Poésies, Édition du Centénaire, Cerf-Desclée de Brouwer, Paris, 1992 (Carnet jaune, Mère Agnès de Jésus, 4 de agosto).
4) Summarium [do Processo de Beatificação e Canonização], depoimento de Celina, 2753.
5) Correspondance Générale, Éditions du Cerf-Desclée de Brouwer, Paris, 1972, t. I (1877-1890), Carta (nº 89) a Celina, de 26 de abril de 1889. E Lettres de Sainte Thérèse de l'Enfant Jésus, Carta a Leônia, de 20 de maio de 1894.